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terça-feira, 8 de outubro de 2024

A Adaptação do Álbum do Campeonato Brasileiro As Novas Tecnologias de Comunicação

 Uma Monografia que foi construída desde 1991, quando recebi meu primeiro álbum de figurinhas do Campeonato Brasileiro de 1991.


      Foto histórica quando cumprimento minha amiga de longa data Valeria Amaral na formatura de Jornalismo em março de 2015.

Curso de Comunicação Social


Habilitação em Jornalismo


A Adaptação do Álbum do Campeonato Brasileiro

as Novas Tecnologias de Comunicação


Artur Rangel Vargas


Cabo Frio


2014


Artur Rangel Vargas


A Adaptação do Álbum do Campeonato Brasileiro

as Novas Tecnologias de Comunicação

Monografia apresentada ao Curso de Comunicação Social da Universidade Veiga de Almeida – Campus Cabo Frio, Rio de Janeiro, como requisito para Bacharel de Jornalismo.

Orientador: Prof. Wesley Aldivino de Oliveira

Cabo Frio


2014


Artur Rangel Vargas


A Adaptação do Álbum do Campeonato Brasileiro

as Novas Tecnologias de Comunicação


Monografia apresentada ao Curso de Comunicação Social da Universidade Veiga de Almeida – campus Cabo Frio, Rio de Janeiro, como requisito para obtenção do título de Bacharel de Jornalismo.


Aprovada em 4 de dezembro de 2014


Banca Examinadora:

___________________________________________________

Prof. Wesley Aldivino de Oliveira (Orientador)

UVA- Campus Cabo Frio

____________________________________________________

Profa. Mônica Neustadt Nunes

UVA- Campus Cabo Frio

____________________________________________________

Prof. Guilherme Carvalhido

UVA- Campus Cabo Frio


À meu Pai, Antônio Vargas,

que indicou ao tema das figurinhas e a

quem incentivou a terminar a

qualquer custo o curso de Jornalismo,

a minha mãe Maria Salvadora Rangel (Em Memória)

                                               

                       AGRADECIMENTOS

Ao Rei dos Reis, Deus que faz viver até hoje com fé e esperança nas pessoas e deu um dom de ser Jornalista, fazer novas amizades e cultivar o bom relacionamento em sociedade. Aos meus amigos e familiares, ao meu Pai, que acreditou no meu tema e cultivou a esperança de buscar dias melhores para mim, dando amor e carinho num momento difícil e me confortando através da Bíblia, a verdadeira amiga e manual de instruções da vida.

A minha saudosa mãe que deu todos os sonhos dela para viver os meus sonhos, esquecendo de viver a sua vida para me criar, montar toda uma estrutura educacional e monitorar os meus talentos e encaminhar para o Jornalismo, desde pequeno ela aturou eu imitando Galvão Bueno e fazendo futebol ao vivo, de joelhos num tapete de feltro com o s pinos Mágicos, depois com o Playmobil e as surpresas do Kinder Ovo, transformando no Rubrinho, um time de futebol fictício que fiz para disputar partidas nacionais e internacionais, para poder exercitar a minha paixão de narrar e vivenciar o futebol em toda a sua essência.

Aos amigos de sempre Alexandre Dias, Deividson Matheus, Caio Castanho, Hevelyn Carvalho, Raquel Azevedo, Karina Forte, Jorge Pedroso Filho, Silmara Veríssimo, Altair Silva, Marcos Oliveira, Jeovan Durães, Marco Aurélio Silva, Fernando Campos, Messias Neves, Manoel Jesus e o incrível sócio da maior aventura que embarquei nos últimos meses a Via Mix Web Rádio, o Roney Feijó.

Toda a minha família, pois são muitos, se sintam abraçados, Núbio Tupinambá, Leda Rangel Tupinambá, Fabrício Rangel Tupinambá, Roberto Rangel Tupinambá, João Paulo Rangel Tupinambá e suas esposas e filhos.

Uma homenagem ao Eduardo Rangel Tupinambá que era Flamenguista e raçudo, em memória dele, que em 2011 se foi e está nessa monografia toda a sua força e paixão pelo Flamengo.

Aos que apadrinharam e tomaram conta da minha vida acadêmica, desde Elair Machado até Wesley Aldivino de Oliveira, pois deu um show de simpatia, altas dicas e comprometimento com o tema estudado. Ao co-orientador Guilherme Carvalhido que é genial nas suas análises e entende de tudo um pouco, desde o pião ao avião, até a reeleição da Dilma, vide as aparições na grande mídia, no SBT Rio e na Rede TV.

                                                              SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 7

1 A HISTÓRIA DA IMPRENSA ATÉ A CONVERGÊNCIA DE MÍDIA 8

1.1 O início dos impressos e o início das coleções 8

1.1.1 O Início das Coleções ………………………………………………………….. 12

1.2 As coleções importantes e as evoluções dos impressos .14

1.2.1 A Evolução dos Impressos 16

1.3 A contemporaneidade das coleções e as convergências de mídia …………….. 19

1.3.1 As convergências de mídia ................................................................................. 22

2 A HISTÓRIA DOS ÁLBUNS DE FIGURINHAS …………………………….... 24

2.1. A definição de álbum ………………………………………………………........ 24

2.2. A relação entre futebol e álbuns ……………………………………………….. 35

2.3. A transição para o virtual nas coleções ………………………………………... 38

3 O ÁLBUM DO CAMPEONATO BRASILEIRO ………………………………. 45

3.1. A História da Editora Panini …………………………………………………... 45

3.1.1 A História dos álbum de futebol ……………………………………………… 47

3.2 A força da mídia ………………………………………………………………… 48

3.2.1 Torcida Panini ………………………………………………………………… 49

3.2.2 A Fábrica dos Sonhos ……………………………………………………......... 52

3.3 O ângulo das editoras Versus O público recebendo essa nova informação …. 53

3.3.1 Colecionando em Família …………………………………………………….. 53

3.3.2 O estudo das trocas de figurinhas na Copa 2014 …………………………… 55

3.3.3 O consumidor pelo olhar do Marketing da Editora Panini ………………... 58

CONSIDERAÇÕES………………….……………………………………………… 63

REFERÊNCIAS/ LIVROS E ARTIGOS ………………………………………….. 64

LIVROS E ARTIGOS ………………………………………………………………. 64

LINKS ………………………………………………………………………………... 65

                                                       INTRODUÇÃO

 Desde 2010, com o primeiro álbum virtual de futebol, em parceria com a FIFA e o Patrocínio da Coca-Cola, a Editora Panini investiu no álbum virtual para conseguir um novo meio de atingir o consumidor de colecionáveis.Além do álbum virtual, as redes sociais ganham força na mídia de figurinhas, para divulgar os produtos editoriais da editora Italiana, com sede em Modena, Itália. A Panini do Brasil é situada em Barueri-SP, para as publicações de mangás, revistas em, quadrinhos, , os álbuns de figurinhas e o álbum do Campeonato brasileiro, que é publicado pela editora desde 1977.

 O TCC tem como objetivo desvendar os métodos de colecionar, como o jornalismo pode usar essas coleções para produzir matérias jornalísticas, utilizando informações relevantes e interessantes desse método de colecionismo secular.

 Foram feitas entrevistas em anexo, ou seja, para agregar ao conteúdo acadêmico assuntos relacionados aos métodos de colecionar, desde a história, a paixão pelas figurinhas, as observações sobre os grupos de colecionadores que trocam via redes sociais e vendem álbuns antigos pelos sites de venda OLX, Mercado Livre, entre outros.

 Os entrevistados foram o Jornalista da ESPN Marcelo Duarte, o Professor e Sociólogo de Mídia e Esporte Ronaldo Helal, o colecionador Carlos Moreira, O Professor da UVA Cabo Frio Guilherme Guaral e a Professora da UERJ Camila Augusta Pereira.

 No 1º Capítulo, Antigamente, desde as primeiras civilizações, da Pré História até os Egípcios, o colecionador(a) de objetos geram coleções e fatores que conduzem ao início do colecionismo, em questão nesse trabalho. Além disso, os métodos de se comunicar foram evoluindo desde a Pré História, até chegarmos a Prensa de Gutenberg. A evolução do jornalismo e a contemporaneidade das coleções foram ganhando forma dentro da sociedade em que vivemos até os dias atuais, com o advento da Convergência de Mídia.

 Após os assuntos abordados, chegamos na história dos álbuns de figurinhas, para aprofundar mais o tema, dar nome a etimologia de álbum, desde os álbuns de discos, de selos, de fotos, até ao álbum de figurinhas. Aprofundando cada vez mais com a relação do futebol e as coleções, chegando aos aspectos relacionados ao futebol e os álbuns de figurinhas, qual a motivação e a relação entre ambos?

 O 2º capítulo, começa faz todo o relato da transição do virtual nas coleções do Campeonato brasileiro, até chegarmos no objeto de estudo, que é concluído com a pesquisa de campo, dentro da Fábrica da Panini.

O 3º capítulo, com as entrevistas do Gerente da Fábrica da Panini do Brasil LTDA Mário César Costa e a entrevista com o Gerente de Marketing da Panini do Brasil LTDA, Marcelo Silva, conversando sobre o método de fabricação, a história da Editora e os métodos de trazer o colecionador para conhecer as mídias sociais da Torcida Panini e o álbum virtual, desde 2011, com parceria da SPORTV, do Campeonato Brasileiro e as novidades da Editora, transitando com a nostalgia e a paixão de colecionar figurinhas, através do papel, a matéria prima dos álbuns de figurinhas.

1 A História da Imprensa até a Convergência de Mídia

Esse capítulo tem como objetivo falar sobre a história dos impressos até a convergência das mídias, trazendo os clientes das mídias digitais para as virtuais (Internet) e a história das coleções e a sua contemporaneidade.

1.1 O início dos impressos e o início das coleções

Através das impressões, hoje obtem-se inúmeras informações, mas até chegarmos aos dias atuais, com websites, tablets, smartphones, existiu a necessidade de se comunicar entre grupos, tentando negociar através da escrita, da fala e dos gestos para o emissor transmitir a mensagem prara o receptor daquela informação.(LÉVY, 1993, p.85).

Não somente a questão dos gestos, mas se formos voltar aos primórdios da nossa pré-história com os rosnados, gritos, posturas físicas e linguagens corporais, até chegarmos ao desenvolvimento social da espécie humana em grupos, ou seja, em sociedade, com o objetivo de colocar nomes aos objetos, os sons surgiram para isso. Logo depois o alfabeto e a escrita, para ampliar e desenvolver o ato de comunicar. (LÉVY, 1993, p.85).

Para o filósofo francês Pierre Lévy, autor de inúmeras obras da comunicação virtual e sobre hipermídia, em seu livro As Tecnologias da Inteligência, 1993, resume:

A escrita foi inventada diversas vezes e separadamente nas grandes civilizações agrícolas da Antiguidade. Reproduz, no domínio da comunicação, a relação com o tempo e o espaço que a agricultura havia introduzido na ordem da subsistência alimentar é a mesma terra, são instrumentos de madeira parecidos, a enxada primitiva e o cálamo distinguindo-se quase que apenas pelo tamanho. O Nilo banha com a mesma água a cevada e o papiro. Nossa página vem do Latim Pagus, que significa o campo do agricultor. (LÉVY, 1993, p.88);

Para compreensão da evolução da comunicação, a estudante Isabel Bragança, da Escola Secundária DR. Solano de Abreu-SP, em Maio de 2009, no trabalho Evolução das Comunicações.A paulista (BRAGANÇA, 2009), relata no seu artigo o início das eras, a era dos Símbolos e Sinais – começaram cerca de 90 mil anos atrás. Os hominídeos não falavam. Nesta era utilizavam gestos,sons e alguns outros sinais padronizados, os quais eram passados às novas gerações paraque se pudesse viver socialmente. Devido às dificuldades de codificação, descodificação e memorização, conclui-se que não era possível, nesta era, a formação de uma cultura relativamente complexa.

A comunicação por (BRAGANÇA, 2009) era realizada por meio de ruídos e movimentos corpóreos que constituíam símbolos e sinais mutuamente entendidos, claro que utilizavam um número limitado de sons que eram fisicamente capazes de produzir, tais como rosnados, roncos e guinchos (não falavam pois eram fisicamente incapazes de fazê-lo) era um modo lento e primitivo de comunicação, comparado com a fala humana baseada em linguagem, e provavelmente não era possível realizá-la de forma complexa e extensa. Os processos interiores de abstração, classificação, síntese, indução do geral a partir do particular, e o raciocínio a partir de premissas para chegar a conclusões, eram sem dúvidas prejudicados e quase invalidado pela limitação comunicativa, atrasando grandes descobertas científicas e a difusão da informação.

Na era da Fala e da Linguagem , inicia-se cerca de 35 e 40 mil anos atrás, e acredita-se que com o aparecimento do “Cro-Magnon” que é marcado pela cultura oral. A fala possibilitou o homem dar um salto no desenvolvimento humano, pois através da fala foi possível transmitir mensagens complexas, como também contestar aquilo que foi exposto. Foi nesta época que o homem começou a incluir a arte, sendo as pinturas rupestres as primeiras tentativas de armazenar informações.

Entrando na era da escrita, para (BRAGANÇA, 2009) consolida-se num período de tempo relativamente curto; começou a ter sentido quando se criou significados padronizados para as representações pictóricas, sendo este o primeiro passo para a criação da escrita. No início a alfabetização era restrita a especialistas. Cada sociedade criou uma forma particular de escrita, mas foram os sumérios que transformaram os sons em símbolos, ou seja, os caracteres passaram a representar sílabas, este foi o primeiro passo para a escrita fonética.

Com toda a certeza que o invento de Gutenberg modificou a forma como desenvolvemos e preservamos nossa cultura. Mesmo com a perda do monopólio da escrita por padres, escribas, elites e eruditos, não era possível falar uma grande massa alfabetizada. Através das transformações proporcionadas foi possível a difusão da alfabetização, a contestação do poder da Igreja Católica, inicia-se a organização de empresas de comunicação, indústria livreiras e imprensa (jornais e revistas).

Em entrevista feita com o Professor de História Guilherme Guaral, servindo de anexo ao TCC, a importância das eras da comunicação, dando ênfase a invenção da imprensa por Gutenberg, fazendo um paralelo aos dias atuais:

O que posso dizer é que posterior a invenção da imprensa por Gutenberg os livros e documentos ganharam mais durabilidade, o que permitiu a expansão das coleções. Na virada do século XIX para o XX, o advento da fotografia e a expansão das artes, as coleções ganharam maior consistência. Atualmente esse colecionismo tem sido meio exótico, pois estamos todos no mundo virtual e parece fora de propósito ocupar espaço guardando grande quantidade de objetos. (GUARAL, 2014);

A colheita das palavras, ou seja, da escrita até chegar aos tipos móveis foi uma adaptação aos meios que a inteligência humana tinha para cada período da humanidade, pois do papiro até a resina de árvores. As raízes plantadas nas mentes da sociedade manipulada pelo poder do Estado e pela Igreja, veio a necessidade de romper esse modo de catequizar sociedades não desenvolvidas e colocar em prática o fim do segredo de informações, onde Levy passa a analisar essa época de transição da comunicação humana:

Através da escrita, o poder estatal comanda tanto os signos quanto os homens, fixando-os em uma função, designando-os para um território, ordenando-os sobre uma superfície unificada. Através dos anais, arquivos administrativos, leis, regulamentos e contas, o Estado tenta de todas as maneiras congelar, programar, represar ou estocar seu futuro e seu passado. (LÉVY, p.88, 1993);

Dos meios de se comunicar até o ponto crucial do início dos impressos, através de Guttenberg , o passeio por inúmeros pontos de evolução da fala, da gramática escrita e falada até chegarmos ao divisor de águas desse processo de se comunicar e a imprensa toma forma a partir de deu início em 1442 imprimiu, na sua prensa original, onze linhas em um pedaço de papel. Johannes Gutenberg cria os tipos móveis, com a capacidade de impressão em papel. Voltou a Mainz em 1448.

Dois anos depois, conheceu Johann Fust, que lhe teria feito um empréstimo, exigindo em troca a participação nos lucros da empresa que formaram e a qual deram o nome de "Das Werk der Buchei" (Fábrica de Livros). Pouco tempo depois, Pedro Schoffer também entrou na sociedade. Teria sido ele quem descobriu tanto o modo de fundir e fabricar os caracteres, aliando o chumbo ao antimônio, como a tinta negra, composta de fumo. No entanto, é a Gutenberg que se atribui o mérito da invenção da imprensa, não só pela idéia dos tipos móveis, como pelo aperfeiçoamento da prensa. Entre os primeiros impressos estavam várias edições do "Donato" e bulas de indulgências concedidas pelo Papa Nicolau V.

A partir da década de 1450, Gutenberg iniciou a impressão da célebre Bíblia, de 42 linhas em duas colunas. Cada letra era feita à mão, e cada página era montada juntando-se as letras. Depois de prensada e seca, era feita a impressão no verso da página. Gutenberg teria imprimido trezentas folhas por dia, utilizando seis impressoras. A Bíblia têm 641 páginas, e calcula-se que foram produzidas cerca de 300 cópias, das quais ainda existem aproximadamente 40. Nem todas as cópias são iguais, tendo algumas, no início de novos capítulos, letras pintadas à mão:

A impressão permitiu que As diferentes variantes de um texto fossem facilmente comparadas. Colocou à disposição do erudito traduções e dicionários. As cronologias começaram a unificar-se. A crítica histórica e filológica começou, portanto, a ser exercida, inclusive sobre os textos sagrados.(LÉVY,1993,p. 98);

O artigo publicado pela Mestranda em Design do Centro Universitário Ritter dos Reis Mariah Carraso Smaniotto, “O jornal em si, como meio de transmitir notícias e informações, surgiu em Roma, cerca de 59 A. C. Acta Diurna é considerado o mais antigo jornal. O advento da publicação foi através do imperador de Roma Júlio César, que tinha como finalidade informar os romanos sobre os acontecimentos mais importantes na sociedade e na política, sendo escritos em grandes placas brancas e expostas em lugares públicos e populares” (SMANIOTTO, 2010, p.1).

A partir de então surgiram as primeiras impressões sobre a humanidade: as gazetas, os pasquins, folhetos com notícias sobre desgraças alheias; e os libelos, folhas de caráter opinativo(SMANIOTTO, 2010, p.1). A combinação desses três tipos de impressão resultou, no século XVII, no jornalismo. O papel da imprensa periódica, na emergência da esfera pública revestiu-se de importância especial.

O aparecimento de jornais no final do século XVII e princípios do século XVIII fomentou um novo espaço público para o debate. De início, os jornais eram dedicados a assuntos literários e culturais, mas a temática foi se alargando para questões de interesse social e político. Gerou-se uma demanda por essas informações, pois o público queria entender a participar do processo decisório das instâncias de poder. Nesse novo espaço público, a sociedade começou a obrigar o poder a justificar-se perante a opinião pública (SMANIOTTO, 2010, p.2).

1.1.1 O Início das Coleções

O começo de colecionar objetos teve uma jornada nada exata através da história, até porque o ato de colecionar está relacionada a Pré-História, com as coleções de artefatos repetidos, tendo esse hábito motivado além da sua sobrevivência física(LIMA,1994,p.38). Obtendo esse raciocínio, os arqueólogos começaram a entender de certa maneira que a co-relação de guardar objetos para o homem Pré-Histórico era somente para guardar esses objetos ao extinto de sua sobrevivência e não entrar na pesquisa de colecionismo.

Para a jornalista carioca Renata Lima, em seu Artigo A Arte de Fascinante de Colecionar, relata sobre a etimologia e o comportamento do colecionador:

Um ser inquieto, um caçador de um tesouro perdido, um pesquisador por natureza. Em qualquer parte do mundo, os colecionadores adotam atitudes iguais: são capazes de grandes façanhas para adquirirem uma nova peça, a próxima de sua coleção. Qualquer esforço é válido para ir em busca do <<tesouro perdido>>.(LIMA,1994,p.38);

As análises feitas por psicólogos, relatam que as coleções são sinônimo de farto material de pesquisa que ajudam a compôr o perfil do colecionador .Apesar de não ser fácil determinar as características de um colecionador, algumas atitudes determinam o seu perfil: busca incessante de um objeto e ansiedade e ciúme em relação a sua coleção. Alguns colecionadores preferem expôr a sua coleção; outros preferem guardá-la.

Para Johannes Fabian, no artigo Colecionando Pensamentos: Sobre os Atos de Colecionar, a questão sobre o ato de colecionar vai a questão da convergência dos meios escritos e etnográficos:


Por mais que seja importante reconhecer as diferenças entre objetos e documentos (coleções e arquivos), analisar os “atos de colecionar” também pode revelar convergências. Os documentos que chamamos de textos etnográficos têm em comum o fato de serem gerados a partir de registros de trocas comunicativas e/ou performances nas quais o etnógrafo foi um participante ativo (na pesquisa etnográfica, mesmo a observação é um tipo de interação). Além disso, conversas, relatos de histórias, ensino religioso, performances rituais e teatrais, para nomear alguns exemplos que registrei e transformei em texto ao longo de minha própria pesquisa, acontecem como eventos contingentes e situados historicamente.(FABIAN, 2010, p.62);


Existem dois tipos de colecionadores, o temático e o sazonal. O puramente temático colecionará sempre os mesmos objetos, dentro do mesmo assunto. Já o sazonal se interessará por temas cujo interesse varia de época para época. Por exemplo, em dezembro, ele pode colecionar objetos relacionados ao tema Natal (LIMA,1994,p.38).

Muitas vezes, as pessoas escolhem um determinado tema até por necessidade. Você já imaginou se o colecionador optasse pelo tema "década de 20"? A infinidade de assuntos tomaria praticamente impossível completar esta coleção. De qualquer forma, podemos afirmar que, sem sombra de dúvida, colecionar é um ato emocional. (LIMA,1994,p.38).

A Escola Americana reconhece nesse hábito do homem Pré Histórico uma forma primitiva de colecionismo, segundo Renata. Já a Escola Francesa prefere citar como marco a Idade Média (nessa época, as coleções de armas e de relíquias sagradas eram famosas). 

Pesquisas recentes feitas na Universidade de Pensilvânia, em Filadélfia (EUA), determinam que o início do colecionismo  é atemporal, já que é um hábito que acompanha a humanidade desde os primórdios de sua existência, passando a ter uma data a partir do momento em que padrões profissionais foram estabelecidos e que separaram definitivamente o colecionador do "ajuntador". Num olhar bastante resumido sobre o limite do colecionador entre guardar e colecionar, dependendo muito da maneira pela qual o colecionador preserva os seus objetos colecionáveis:


O limite entre guardar e colecionar é tênue e difere apenas na forma com que os itens são guardados e mantidos. Antes da 1ª Guerra Mundial, muitos museólogos julgavam mal os colecionadores, rotulando-os de <<destruidores da história>>. Com o passar do tempo, O colecionador começou a ser visto como alguém que poderia colaborar a preservar objetos que fizeram parte da nossa história. (LIMA, 1994, p.39);


Com a evolução dos meios de comunicação, os próprios métodos e trocas de informações sobre o colecionismo tendem a ficar cada vez mais interativo (LÉVY,1993,p.99), através de compras, vendas e trocas por sites como: OLX, MERCADO LIVRE, Bom Negócio e em redes sociais como Orkut, Facebook, entre outros.

Sobre as coleções e os impressos, Lévy aborda a questão dos hábitos intelectuais da época da Idade Média até os tempos modernos, através da visualização de meios eletrônicos “Passamos da discussão verbal, tão característica dos hábitos intelectuais da Idade média, a demonstração visual, mais que nunca em uso nos dias atuais em artigos científicos e na prática cotidiana dos laboratórios graças a estes novos instrumentos de visualização, os computadores”(LÉVY,1993,p.99).


1.2 As coleções importantes e a evolução dos impressos


Para se adaptar as novas formas de vida e a evolução da espécie, o ser humano teve que passar por um processo chamado Revolução Industrial. A partir de então, toda a mídia, além dos objetos materiais e imateriais começaram a serem adaptados para a evolução da época, até chegarmos aos dias de hoje, no Século XXI(RIBEIRO,OLIVEIRA & WILKE,2011,p.1).

As coleções, desde a Pré-História até o objeto de estudo que são as figurinhas do Campeonato Brasileiro, passaram por um turbilhão de renovações e industrializações para formarem públicos e comunidades sobre o assunto em questão: Colecionar.

Tratando a temática das coleções, Guaral salienta como foi a concatenização dessa prática pela história:


Esse tema não é a minha especialidade, mas posso dizer que na Antiguidade alguns Reis e Faraós tinham hábitos de acumular joias, pedras, ossos e objetos exóticos como um fetiche. Acredito que na Idade Contemporânea e a produção em massa a partir da Revolução Industrial permitiu essa ação de indivíduos, de acordo com suas paixões e apitdões. (GUARAL, 2014)


O conhecimento e o saber através da educação e aos eruditos ao ato de colecionar. No Artigo Colecionando e Controlando Corpos: Arquivos de Informação, Memória e Apagamento na Modernidade, das autoras Leila Beatriz Ribeiro, Carmen Irene C. de Oliveira e Valéria Cristina L. Wilke, da UFBA, em 2011, a questão de colecionar objetos é tratada como “um interesse interdisciplinar que tem como base questões referentes à dinâmica de produção, acúmulo, circulação, acesso e consumo de bens materiais ou imateriais e de fazeres específicos relacionados à tradição e à cultura, cujo potencial para prática de informação e memória é alimentado pelas atuais condições tecnológicas”.

Pensando na modernidade, ou seja, as evoluções e as invenções de objetos como, por exemplo: O Telefone, orelhões de ficha e os orelhões de Cartão Telefônico, levam a uma evolução dentro das coleções da segmentação telefone através das invenções e o tempo que elas foram criadas. Analisando o texto de RIBEIRO,OLIVEIRA & WILKE,2011, deparamos com a “modernidade transforma indivíduos experientes e sábios em solitários homens da informação, capazes, no entanto, de cooperarem cognitiva e socialmente na tarefa de reordenação de produção, uso e transferência de informação.”

A extensão das coleções a partir do tempo, sempre obtendo um objeto a ser colecionado sendo fictício ou não-fictício, leva ao colecionador uma sensação de operador de relações, sendo também uma fonte de informações:


…operador de relações, a informação torna-se passível de ser analisada e interpretada tanto a partir de instâncias ordenadoras ou sistêmicas, quanto de espaços de significações simbólicas. Nesses espaços, a informação permite, ainda, que essa interação comunicacional esteja relacionada a uma ação sobre o mundo. (RIBEIRO,OLIVEIRA & WILKE,2011,p.2).


Tendo em vista que a primeira coleção a ser conhecida são as gravuras. Elas(as gravuras), segundo o artigo de Revista da jornalista carioca Renata Lima, além dos temas impressos de quadrinhos,   filmes sobre o Búfalo Bill, pode-se obter como a evolução da fotografia e impressão dos produtos fotografados, desde a gravura, representada por desenhos e pinturas, até as máquinas fotográficas de diversas épocas, até chegarmos ao celular e seus Smartphones. A intenção de buscar uma outra representação, ou seja, “Mais do que uma representação realista, símbolo deum novo sistema de troca de corpos e paisagens “congelados”, o ato de fotografar significou aproximar, revelar o peculiar, identificar o anônimo da multidão, o diferente da massa, o singular”. (RIBEIRO,OLIVEIRA & WILKE,2011,p.3).

As representações gráficas, com ícones e logomarcas, vem da necessidade do consumo, ou seja, de satisfazer um desejo humano de prazer, ou seja, necessidade de obter objetos de consumo de massa ou até especiais para colecionadores, com numeração, autógrafo de algum artista, desportista, entre outras celebridades, para obter com o tempo algo que possa guardar de recordação ou vender por uma fortuna tal produto. A mídia tem um papel muito importante no que diz respeito a marcas, artistas, celebridades vinculadas a marcas, por exemplo: Pelé/PUMA, Ayrton Senna/Banco Nacional, Giselle Bündchen /Pantene. Visto o que as estudantes cariocas da UNIRIO, apresentaram sobre essa influência no consumidor por meio dos meios de comunicação de massa “…o estatuto da informação em seu caráter indiciário e em sua relação com as práticas colecionistas, que se fazem presentes a partir dos objetos ligando o sujeito no espaço-tempo; ordenando a memória; e recuperando indícios acerca do real.” (RIBEIRO,OLIVEIRA & WILKE,2011,p.4).


1.2.1 A Evolução dos Impressos


Desde a Acta Diurna até a prensa de Gutenberg, a adaptação aos modelos de impressão e de visualização dos boxes de notícias de jornais, revistas e livros, desde a sua confecção, até os métodos de digitação foram evoluindo com as adaptações as tecnologias de cada época. (MELO, 2005, p.4).

Sobre o papel do jornalismo impresso e o jornalismo que vivencia-se atualmente, com imagem, foto e vídeo na mesma página, tratada como jornalismo multimídia/digital, para o artigo Um passeio pela história da Imprensa, da autora Patrícia Bandeira de Melo, artigo de 2005, feito para a UFG (Universidade Federal de Goiás), sobre a missão do jornalismo as suas diretrizes que levaram as mídias de massa como rádio, televisão e a internet:


O jornalismo é a atividade de divulgar informações voltadas para o público, de forma mediada, periódica e organizada. Á luz da democracia, o jornalismo tem como visão vigiar e controlar o estado e as organizações privadas de interesse público. Por ter sua atuação delegada pela sociedade – que transferiu para a imprensa o papel de “dialogar” com o poder -, o jornalismo tem que se legitimar continuamente a partir de suas práticas. Ou o justifica. O jornalismo impresso foi a primeira forma de expressão organizada da comunicação social. Em seguida, o processo de evolução industrial e eletrônica produziu o radiojornalismo, o telejornalismo e o ciberjornalismo. (MELO,2005, p.4).


Outro fator importante para a evolução do jornalismo foi a Industrialização, sendo vista por MELO,2005, como “ A mecanização tornou o processo de impressão mais rápido, barato e dinâmico, o que motivou o aumento do público leitor.” (MELO,2005, p.4).

No século XIX, começavam as primeiras inovações nos jornais. Os estados unidos progrediram nesse processo da imprensa e contribuíram com os impressos sensacionalistas, aqueles que expôem na primeira página chamadas de violência e com fotos impactantes, além dos quadrinhos e partes de humor, obtendo sucesso nos impressos até os dias atuais. (MELO,2005, p.5).

Após o crescimento da imprensa americana, vieram os jornais no estilo tablóide, que segundo Melo, 2005, como “…produzido pelas cadeias que levavam a partir de agências de notícias de todo os EUA, por informações em cadeia nacional. A solução veio com o jornal tablóide, produzido com a metade do tamanho do jornal padrão e com menor número de páginas”.

Enquanto na Inglaterra, dividia-se os assuntos do jornal com colunas de Esportes, Entretenimento, Economia, Moda, gastronomia, entre outros, o modelo inglês já tinha elementos dos jornais americanos. Enquanto na França, depois do processo de industrialização, os meios de comunicação se manifestavam em várias tendências “…identificando jornais de esquerda, de centro e da direita, além de jornais religiosos e monarquistas.” (MELO,2005, p.5).

Passando para o final do século XIX, a segunda geração dos impressos se organizou com jornais mais baratos e direcionados para a população em geral. A abertura ao jornalismo sensacionalista contribuiu para essa evolução. Para Melo,2005:


“…surgiram novas regras, como a utilização de gráficos e fotografias. Nessa fase, o sensacionalismo permaneceu, chamado de jornalismo amarelo ou marrom, com fatos inventados e divulgados, mesmo que depois fossem seguidos de um desmentido. Esse perfil de imprensa se caracterizou pelo tratamento emocional dado a um assunto que, construído com vistas à sua comercialização pelo veículo, não se poupava de mentiras eventuais.” (MELO, 2005, p.6).


Na Segunda Guerra Mundial, os jornais já dividiam espaço com a Televisão e o Rádio, mudando novamente o método de se fazer o jornal, para competir com os novos meios de comunicação. A publicidade entra nos espaços vagos dos jornais até os dias atuais para garantir a existência das mídias impressas economicamente. (MELO,2005, p.6).

Depois da Primeira e da Segunda Guerra Mundial, em decorrência da I Guerra, os jornalistas foram impedidos de acompanhar as batalhas do front, resultando numa delegação de informações ao discurso relatado sobre a guerra.No artigo de Melo,2005, a questão era resolvida da seguinte maneira “…Isso significa que textos eram elaborados a partir de citações e declarações creditadas as fontes jornalísticas. No período das guerras, sem poder assistir aos episódios da guerra in loco, repórteres narravam fatos creditando-os às suas fontes de informação: segundo disse, de acordo com, como afirma…” (MELO, 2005, p.6).

A partir dos anos 60 do século XX, os jornalistas partem para a formação a especialização. O jornalismo de referência caminha então para a análise, contrapondo-se ao modelo descritivo. A partir do jornalismo interpretativo (que já existia na época, sendo de certa maneira prensado e sufocado pelo processo de censura no período da guerra, com impedimento dos jornalistas ao vivo dos campos de batalha), vieram o processo da pirâmide invertida e o nascimento do lide com as perguntas quem, que, quando, onde, como e porquê. (MELO, 2005, p.7). 

Através da especialização dos métodos jornalísticos, com os estudos de Melo,2005, chega-se ao Segundo Novo Jornalismo:


Os acontecimentos começaram a ser explicados, simplificados e criticados, como forma de facilitar a sua compreensão pela sociedade, ajudando a legitimar o jornalista como intérprete dos fatos sociais, políticos e econômicos. É quando surge o Segundo Novo Jornalismo, momento em que a imprensa aprofundou investigações, denunciou irregularidades e passou a desconfiar das suas fontes. O jornalista mergulha no ambiente das pessoas a quem consulta, nas histórias e na pesquisa, dando um caráter mais humano e literário à sua produção. Seu papel evoluiu no seio da sociedade, tornando-se referência da verdade. (MELO, 2005, p.7). 

O fato é o fator que a profissão jornalista, dentro da sociedade, regida pela subjetividade, ou seja, o texto jornalístico “Com isso vem à tona no texto jornalístico. A seleção é determinada no sentido que não nos é dado saber tudo, mas sim saber tudo sobre aquilo que se escolheu dar conhecimento, uma atitude de caráter subjetivo”. (MELO, 2005, p.7). A questão de colecionar artigos de medicina com soluções para problemas de azia, problemas de articulação, entre outros, fica a critério do consumido por de notícias ou não. Podendo colecionar revistas de fofoca, de futebol, carros, entre outros assuntos tratados por mídias especializadas.


1.3 A contemporaneidade das coleções e as convergências de mídia.

O ato de colecionar transcende o tempo e as gerações. Desde as crianças até os idosos, independente de sexo, situação financeira, classe, credo, cor de pele, lugar onde mora. Atualmente, os colecionadores conseguem buscar informações via site de busca e redes sociais para poder manter viva a chama de colecionar objetos. Walter Benjamin resume “Toda paixão beira o caos, a do colecionador beira o caos da memória”. (BENJAMIN,1934, p.20, apud BLOOM,2002, p.18). A nostalgia provoca o caos de boas e más lembranças, por isso Benjamin resumiu a sensação que o colecionador tem ao se deparar com os objetos colecionáveis.

Desde os primórdios, até o século XXI, a contemporaneidade acompanha a evolução do homem, e não deveria ser diferente no ato de colecionar. No artigo de RIBEIRO,OLIVEIRA & WILKE, 2011, anda junto com as formas de se comunicar com a sociedade e a necessidade de preservar a memória humana:


Com o decorrer da história, já no estágio da vida urbana e com o domínio da escrita, colecionar, em conjunto com os sistemas de comunicação, será o resultado do desenvolvimento de séculos de desenvolvimento cultural congregando técnicas sofisticadas de codificação, sistemas de armazenamento e transmissão da memória e lugares especializados para o aprendizado de diversos ofícios.(MARSHALL, 2005, apud,RIBEIRO,OLIVEIRA & WILKE, 2011, p.5)


Sobre a questão de coletar informações e estar preservando a história através das coleções guardadas durante as diversas fases da vida, para RIBEIRO,OLIVEIRA & WILKE, 2011:


Coletar - pelo menos no ocidente, onde geralmente se pensa o tempo como linear e irreversível - pressupõe resgatar fenômenos da decadência ou perda histórica inevitáveis. A coleção contém o que ‘merece’ ser guardado, lembrado e entesourado. Os artefatos e costumes são protegidos do tempo [...] eles selecionam aquilo que dá forma, estrutura e continuidade a um mundo. O que híbrido ou ‘histórico’ num sentido emergente foi coletado de forma menos comum e apresentado com sistema de autenticidade (CLIFFORD,1995, p.79, apud, RIBEIRO,OLIVEIRA & WILKE, 2011, p.5)


A questão de manter essas coleções de objetos físicos convertidos em páginas virtuais, como os livros, por exemplo, apontam o caminho que as novas tecnologias podem aprofundar com as suas plataformas eletrônicas e manter a chama acesa das coleções(RIBEIRO JR., 2003,p.1).

Para o autor do artigo Por que Colecionar? 2003, por Geraldo de Andrade Ribeiro Jr., a arte de colecionar, nem a Internet, as novas tecnologias vão roubar o prazer do colecionismo “Apesar dos inegáveis atrativos que os modernos meios de entretenimento proporcionam às pessoas, com estas maravilhas eletrônicas que hoje existem (computadores, Internet, etc.), colecionar jamais será uma atividade extinta”. (RIBEIRO JR., 2003,p.1).

Analisando o texto publicado por Ribeiro Jr., a maneira de colecionar, além de todos os seres humanos sempre terem alguma mania em colecionar algo durante um curto período da vida, resume no fascínio que esse consumismo proporciona ao colecionista:

Não se pode deixar de constatar o irresistível charme e o fascínio que o ato de colecionar exerce sobre as pessoas. A quase totalidade das pessoas já passou por uma experiência colecionista, por mais breve que tenha sido, e quase todos, mesmo não tendo prosseguido, tem uma palavra de atenção, de reconhecimento, de carinho, de saudade e mesmo de admiração pelo que fez algum dia. (RIBEIRO JR., 2003, p.1).


Além do fator colecionável dos produtos que adotam esse público-alvo, Ribeiro Jr. aproxima essa dualidade produto/colecionista, dando um tom de receio com os produtos limitados, ou seja, com numeração de fabricação reduzida na seguinte afirmação:

Todas as formas de colecionismo tem um fundo cultural, mas há coleções que, pela sua própria natureza, como caixas de fósforos, lápis de propaganda, latas de cerveja, rótulos de cigarros, cartões telefônicos, etc., são limitadas, atingem um ponto no qual é difícil se desenvolverem, acabam por ficar sem um rumo definido, desmotivando seus praticantes. (RIBEIRO JR., 2003,p.1).


Para compreender essa complexa contemporaneidade, a explicação dessa atividade de consumo é explicada por Philip Bloom, no livro Ter e Manter, 2002, Editora Record, Rio de Janeiro, onde o ato de colecionar tem a sua amplitude colocada a partir do momento que os romanos, lá no século XVI viveu o seu primeiro surto de atividade colecionadora, além da curiosidade de informações e o mundo naquele momento exigia novas respostas através da expansão do conhecimento “…Inovações tecnológicas como a imprensa, e progressos na construção naval e na navegação facilitaram o comércio em todo o mundo e trouxeram artigos mais baratos para a Europa”. 

A partir de então os colecionadores se expandiram por todo o mundo, gerando uma simplicidade imensa nas atividades de colecionismo(BLOOM, 2002, p. 37). Devido a facilidade até mesmo para quem não tem condições financeiras e nem tem grandes ambições intelectuais, começando essa popularidade no ato de colecionar na Holanda, por volta de 1550: 


Com a disseminação da atividade de colecionar como assunto sério, outro fenômeno aconteceu: colecionar tornou-se popular entre as pessoas que não tinham grandes recursos nem grandes ambições intelectuais; pessoas comuns que tinham um pouco para gastar. A Holanda era um caso especialmente interessante. Nessa república, que vivia do seu acaso ao mundo mais vasto e de suas relações comerciais que iam das Índias Ocidentais ao mar báltico, os portos de Amsterdã e Roterdã encheram-se de coisas exóticas e maravilhosas. Capitães recebiam instruções de mercadores e colecionadores para anotar e comprar tudo que julgassem digno de ser levado, e marinheiros geralmente aumentavam seus ganhos oferecendo animais empalhados, conchas ou artefatos estrangeiros. (BLOOM, 2002, p. 39).

Dos objetos estrangeiros que os holandeses começaram a colecionar até os dias das novas tecnologias, trazendo as coleções reais para o virtual e os questionamentos sobre o físico-virtual, reabre uma nova adaptação entre o consumo comunicacional, até que a convergência de mídia entrar também nas coleções(BLOOM, 2002, P. 39). 

Para Maria Jose Vicentini Jorente, no livro Ciência da Informação: Mídias e Convergências de Linguagens na Web, 2012, Editora Cultura Acadêmica, São Paulo-SP, resume sobre os dados informativos, inclusive as coleções de objetos:

Se o processo (da informação) é individual, o que regula a subjetividade das considerações de utilização (ou não) de determinados dados como informativos é o consenso: um acordo entre as partes envolvidas no processo informacional e comunicacional, princípio pelo qual se podem criar, por exemplo, as coleções de objetos, bases de dados e bibliotecas. É o contexto que vai distinguir identidades, semelhanças, diferenças, serialização e critérios de inclusão e exclusão. As Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), com seus meios e linguagens próprias, transformam a informação durante seu processamento contextual. (JORENTE, 2012, p.29).


1.3.1 As convergências de mídia


Em todo o processo de evolução dos meios de comunicação, a informática acabou virando uma prensa do fim do século XX, sendo o passaporte para a Era da Convergência. Os séculos XX e XXI trouxeram novas invenções tecnológicas que possibilitaram o avanço na comunicação eletrônica. Com o computador (integrado a internet), a comunicação eletrônica conseguiu impulsionar as linguagens verbais, visuais e sonoras(STHEPENS, 1993, p.662).

Com a Internet, a cibercultura através do texto digital começam a tomar forma, a partir do ano de 1995. Do Arpanet, que interligava universidades e institutos de pesquisas americanos, nos anos de 1968-1969 até os anos de 1993-1994 (MELO,2005, p.10), saindo das pesquisas acadêmicas e institutos de pesquisas para a sociedade, sendo disponibilizado um programa capaz de realizar pesquisas em 1992, o Mosaico. Sem nenhum controle, a Internet cresceu e acabou se tornando a maior rede de comunicação mundial, mas, ao mesmo tempo, colocou uma enorme quantidade de informações disponíveis ao público, de forma a dificultar a realização de pesquisas sérias, seja pela qualidade entre si, seja pela confiabilidade das informações prestadas.

Para o autor americano Mitchell Stephens, no livro História das Comunicações - Do tantã ao satélite, Rio de Janeiro, Editora Civilização Brasileira, 1993, foi graças aos gregos que podemos chegar ao último desafio do século XX “O alfabeto aperfeiçoado pelos gregos serviu a menos que noventa e cinco gerações; seu último desafio está nos teclados dos computadores” (STHEPENS, 1993, p.662).

Analisando o pensamento de Stephens, pode-se verificar que o mundo novo da Informática contou com inúmeras adaptações, até chegarmos as plataformas com serviços de assinatura de revistas (STHEPENS, 1993, p.664), cada vez mais adaptando os usuários as necessidades de consumir:


Estamos agora alcançando o estágio em que anúncios de revista serão adaptados aos leitores individuais através de prensas tipográficas controladas por computadores: a cópia enviada para o assinante A, com crianças pequenas, pode incluir propaganda de uma caminhonete; já a cópia expedida para o assinante B, solteiro, traria um anúncio para um carro esportivo. (STHEPENS, 1993, p.664)


A informação pode ser fornecida via Internet para todos os computadores e plataformas móveis, com acesso a rede mundial de computadores. Em vista as informações em conteúdo exageradamente bombardeadas pelos sites de notícias as nossas casas, através do PC(STHEPENS, 1993, p.665), podemos ver na visão de Stephens os computadores ajudando a sociedade com notícias que canalizam em direção ao leitor “... indubitavelmente, nos voltaremos para eles não somente para encaminhar as notícias de modo mais eficiente para nós, mas também para nos auxiliar a digerir o imenso volume de informação que eles canalizarão em nossa direção.”

Com outro olhar, tendo as mentes trabalhadas numa “Tsunami” de informações que a Internet nos proporciona, tem-se o ponto de podermos buscar, através das notícias eletronicamente amplificados, a assistência eletrônica, mas por outro lado “… a solução para a aparente escassez de idéias políticas e econômicas em grande escala pode ser encontrada na contextualização auxiliada por computadores” (STEPHENS, 1993, p. 666).

Para Henry Jenkins, no livro Cultura da Convergência, Editora Aleph, 2006, São Paulo-SP, a introdução a convergência de mídia muito se deve ao fluxo de conteúdosatravés dos múltiplos suportes midiáticos e define a palavra Convergência:


Por convergência, refiro-me ao fluxo de conteúdos através de múltiplos suportes midiáticos, à cooperação entre múltiplos mercados midiáticos e ao comportamento migratório dos públicos dos meios de comunicação, que vão a quase qualquer parte em busca das experiências de entretenimento que desejam. Convergência é uma palavra que consegue definir transformações tecnológicas, mercadológicas, culturais e sociais, dependendo de quem está falando e do que imaginam estar falando. (JENKINS, 2006, p. 29);

 


As novas possibilidades dos textos na Era Digital por Tatiane Gomes e Ronaldo Santos, na INTERCOM Nordeste 2014, João Pessoa- PB, sobre Texto Digital, pensando sobre os olhares de GOMES & SANTOS, o livro impresso não pode ser apontado como superado pelo livro digital, guarda um valor ao livro físico talvez bucólico, mas garante que não perca de imediato esse tipo de leitura fixa e rígida, em questão ao impresso físico:


Falar que o livro impresso está superado pelo livro digital, entretanto, não é verdade. Mesmo com as novas possibilidades de criação de textos digitais disponíveis para os usuários-mídia, o livro impresso ainda guarda seu valor, talvez bucólico, mas que garante que ele não seja deixado de lado por leitores que procurem um tipo de leitura fixa e rígida, em termos físicos. (GOMES & SANTOS, 2014, p. 13).


Na adaptação ao meio virtual, independente dos jornais, revistas, livros, álbuns de figurinhas, artigos científicos tendem a um processo cerebral, até assimilar essa adaptação de fato. Excluir de vez o real não acontecerá de imediato, sempre existirá o colecionador somente do real, real-virtual e virtual somente, mas o físico continua e tende a se adaptar ao texto virtual, atraindo ao leitor a ler o texto dos jornais, revistas, livros, colecionadores de álbum de figurinhas, entre inúmeras mídias reais que estão sendo consumidas pelo meio real e pelo meio virtual.


2 A HISTÓRIA DOS ÁLBUNS DE FIGURINHAS


Esse capítulo tem o objetivo de aprofundar o TCC, tratando sobre o que é um álbum na etimologia da palavra com a definição de álbum, analisar a relação entre o futebol e os álbuns de cromos ou figurinhas e a transição do virtual dos álbuns de futebol.


2.1 Definição de Álbum


No que diz respeito a definição da palavra álbum, segundo o dicionário da língua portuguesa , com acordo ortográfico, álbum significa: Livro em branco, muitas vezes com bolsas de plástico, para colecionar e proteger fotografias, selos, postais, moedas, versos ou pensamentos; livro que inclui ilustrações legendadas e textos breves com informações turísticas, geográficas, etc; música, gravação de temas musicais apresentada geralmente num único disco ou em mais de um; tábua branca em que os Romanos, se escreviam as deliberações dos pretores ( Do latim album, ‘quadro branco, lista’ , pelo alemão Album, idem).

Logo, se formos para a definição álbum de cromos , Um Livro Ilustrado (chamado popularmente em Portugal de Álbum de cromos e no Brasil de Álbum de figurinhas) (Stickers collection), é uma publicação onde são colados cromos auto adesivos, também chamados de cromos ou figurinhas. Tais álbuns tem reservado espaço para os cromos, sendo estas vendidas separadamente em envelopes (booster stickers) com 3 a 5 figurinhas aleatórias. Em editores mais automatizados, existem processos computadorizados para garantir que a distribuição dos cromos pelos envelopes seja feita de forma totalmente aleatória e equivalente.

O passatempo de colecionar figurinhas consiste em completar o álbum, comprando novos pacotes e trocando as figurinhas repetidas com outros colecionadores. Há vários temas que podem ser abordados por coleções de cromos, como esportes, música, programas de TV e personagens de História em Quadrinhos. Há inclusive clubes de colecionadores em diversas cidades, mas a maior aglomeração de amantes do futebol está na Internet. No Brasil, um dos de maior sucesso foi o álbum da Copa do Mundo 2006

O ato de colecionar figurinhas consiste em completar o álbum, comprando novos pacotes e trocando as figurinhas repetidas com outros colecionadores. No Grupo do Facebook Apaixonados por figurinhas, fundado no dia 25/04/2013, é possível perceber em cada postagem, álbuns com temas que podem ser abordados por coleções de cromos, como esportes, música, programas de TV e personagens de história em quadrinhos há inclusive clubes de colecionadores em diversas cidades.

No Brasil, um dos de maior sucesso foi o álbum da Copa do Mundo 2006 . Que foi superado pelo da Copa do Mundo de 2010 , chegando a ter 3 milhões de colecionadores aproximadamente, segundo a Editora Panini. Em 2014, a "febre" foi o álbum da Copa do Mundo de 2014 .

Como em um jogo sem fim, que instiga e apaixona, os colecionadores estão sempre em busca de uma peça rara a ser descoberta e conquistada .Na reportagem do blog Drops Sortidos, publicada pela jornalista Marília Medrado, intitulada “Acervos particulares”, publicado no dia 19/12/2011, ela retrata as coleções curiosas que as pessoas fazem. No mundo todo, milhões de pessoas catalogam desde miniaturas a automóveis, passando por eletrodomésticos e mobílias. E para os que pensam que essas pessoas são, na verdade, acumuladores de coisas, os especialistas afirmam que o ato de colecionar está ligado a fatores emocionais, como a nostalgia sobre determinada época, e até aspectos econômicos, quando são vistas como um tipo de investimento. “Colecionar mexe com a adrenalina, com a química do corpo. É realmente algo prazeroso”, explica Renata Lima, fundadora do Instituto de Pesquisa do Colecionismo. “O ato de colecionar supera fronteiras e preconceitos. As coleções se tornam objetos de conversação e criam redes de amizades”, acrescenta Renata.

Na reportagem de Medrado, a paixão por vinis que uniu o mineiro Pedro Paiva, de 31 anos, e mais quatro discotecários do Rio de Janeiro e de São Paulo no projeto “Vinil é Arte”. Donos de cerca de 10 mil discos, eles agitam eventos, festas e festivais exclusivamente com seus “bolachões”, antigos e novos. “Nós realizamos um trabalho de pesquisa. Além da música, levamos a cultura do vinil para as pessoas”, afirma Paiva que, sozinho, tem cerca de 3.500 LPs (long-plays). Segundo ele, o gosto pelos vinis começou ainda na infância, no convívio com a música dentro de casa, e o que era uma brincadeira se tornou naturalmente uma profissão. “Hoje os vinis pagam as minhas contas”, brinca.

No livro MP3, Música, Comunicação e Cultura, dos autores Clóvis Ricardo Montenegro de Lima e Rose Merie Santini de Oliveira, Rio de Janeiro, Editora E-Pappers, relata sobre o processo de adaptação da mídia musical e a necessidade das tecnologias intelectuais para manter uma obra de um artista imortal:

As tecnologias intelectuais tiveram, e ainda tem, observa Lévy (1993), um papel fundamental nas referências intelectuais e espaços-temporais das diferentes sociedades. Nenhum conhecimento é independente do uso das tecnologiasintelectuais.Se a humanidade construiu outros tempos, mais rápidos, é porque dispõe do instrumento de memória e de propagação das representações que é a linguagem. È também porque cristalizou uma infinidade de informações nas coisas e em suas relações, de forma que eles retêm informações em nomes dos humanos (LÈVY, 1993, apud, LIMA & OLIVEIRA, 2003, p.16).

As adaptações fazem o ser humano não esquecer as suas origens, suas raízes, suas tribos. Por exemplo, quem tem a coleção de discos dos Beatles tem em sua memória a sonoridade do rock, a busca pela libertação das opressões dos anos 60 e 70, as canções de paz e de amor, sempre em letras e arranjos que John, Paul, Ringo e George colocavam em evidência na discografia da banda de Liverpool, Inglaterra. A contemporaneidade é dada a banda inglesa graças as canções que ficaram gravadas em diversas plataformas, desde o LP até o MP3, dando um ar de som eterno, que transita pelo tempo, desde os jovens, crianças até aqueles que viveram essa época da febre The Beatles.

Sobre as músicas memoráveis, contemporâneas, Lima & Oliveira usam o exemplo do compositor para manter a sua obra em novos meios técnicos da ciência contemporânea:

Cabe não apenas reconhecer o compositor cujo trabalho de articulação da criação musical se fez em novos meios técnicos da ciência contemporânea, mas principalmente reconhecer aqueles que foram ou são capazes de uma produção musical que toma como forma não só o tempo musical, o ritmo, as obras, mas criam uma linguagem por meio da música e as várias modalidades da invenção. (LIMA & OLIVEIRA, 2003, p.18).

Traduzindo simplesmente para o universo do colecionador, o que tem que ser levado em conta não é a forma de conservação do acervo musical. A obra ela é infinita, pois as digitalizações em diversos arquivos tornam aquele momento congelado em notas, arranjos, voz, composição, estúdio, ano, ou seja, tudo que vem a nos remeter a nostalgia daquela época que éramos mais jovens, existiam cabelo tal, roupa assim, a moda era de calça marca tal, nos remetendo a uma viagem aquela época que vivenciamos.

O objeto de estudo e o tema dessa monografia se deve a adaptação dos meios físicos aos virtuais do álbum do Campeonato Brasileiro. A música tomou esse processo a partir da digitalização dos álbuns musicais. Sobre essa obra mais contínua que a evolução, Lima & Oliveira relatam:

A música é uma linguagem feita de sons e, em algumas vezes, também de palavras. Uma obra-de-arte nunca sai do nada, pois é sempre um elo em uma cadeia. Num plano imediato, uma música pode nascer de uma reação e outra música e dar, assim, a aparência de uma ruptura em cadeia. Mas isso é apenas aparência. A música evolui não só apenas a partir de suas formas, de sua técnica, do seu estilo de seus modos de expressão, mas, principalmente, a partir das tecnologias e dos novos modos de experimentação, que modificam a linguagem. A história da música é mais uma criação contínua do que uma evolução. (LIMA & OLIVEIRA, 2003, p.20).

 Quando o álbum vira de embalagens de chocolates, a questão da conservação daquele produto está associado ao prazer que o colecionador condiciona aquele produto de consumo: o chocolate.

Na postagem de Medrado, o colecionador Claudio Fieri Junior, de 45 anos, conta que não há hora nem lugar para rechear seu catálogo Homologado como o maior colecionador de embalagens de chocolate pelo site Rank Brasil que já contém 1.945 embrulhos. “Esse número muda todo dia. Tenho ajuda de muitos amigos e familiares. Se vejo alguém comendo um chocolate do qual não tenho a embalagem, peço para a pessoa abrir com cuidado, para não rasgar”, conta.

Seu interesse por embrulhos de bombons, tabletes e confeitos começou há 20 anos, quando ele trabalhava numa fábrica de chocolate . Hoje, o catálogo revela delícias nacionais e internacionais. “Quando você conversa com alguém que também coleciona é diferente, pois ela sabe o valor de uma coleção. Para mim, cada novo pacote que coloco na pasta é um momento de prazer e lazer”, afirma. E brinca: “Enquanto existir chocolate, eu vou colecionar as embalagens”.

Para a jornalista Renata Lima, o interesse do colecionador, em entrevista cedida para o Blog Drops Sortidos, da Jornalista Marília Medrado, leva muito para a personalidade de cada indivíduo, sendo que o cuidado dos colecionadores vem do prazer e da dificuldade de encontrar os itens para as coleções. “Além disso, ali há um pouco da personalidade deles”, explica.

Ainda sobre o colecionismo, a reportagem de Medrado entrevista a também jornalista Renata Lima, pesquisadora sobre coleções ressalta o prazer e os limites que cada colecionador deve ter com as suas raridades, pois é o prazer que diferencia os colecionadores das pessoas obsessivas por apenas acumular. “A coleção é para ser curtida. Quando ela vira motivo de ansiedade, temos um problema”, finaliza Renata.

No que diz respeito as coleções, o Professor Guilherme Guaral responde ao questionamento as várias formas de colecionar esses álbuns, despertando o sentimento de congelar no tempo cada coleção:

Durante boa parte do século XX, por exemplo, colecionar selos era um hobbie interessante e alguns selos alcançavam um valor considerável. Atualmente com a mudança de hábitos, quase ninguém envia cartas. Enviamos e-mails, WhatsApp (é assim que se escreve), mensagens no Facebook. Com isso, os selos se tornaram mais raros. O valor pode ser até maior, mas não parece gerar interesse social. Colecionar Lps, CDs parece ser também fora de propósito, pois podemos baixar quase tudo nos sites. O colecionador se torna um indivíduo meio “fora do contexto”. Caso interessante, mas quase visto como uma patologia. Quanto aos álbuns de figurinhas, especialmente as de futebol ou heróis japoneses, percebo que se tornam momentos de socialização das paixões. No caso do Álbum da Copa 2014 se tornou um fenômeno sociológico reunindo famílias inteiras na busca de figurinhas para completar a tarefa. (GUARAL, 2014)

A coleção de selos tem sido uma cultura do consumo dos colecionadores de coleção dos selos. Segundo o artigo acadêmico de Diego Salcedo, para o Artigo Elementos Históricos para o Estudo do Selo Postal em Comunicação, publicado na Revista Científica do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal do Maranhão – UFMA, São Luís - MA, janeiro/junho de 2014 - Ano XIX - Nº 14, relata em ricas passagens como objetivo indicar e contextualizar os elementos históricos que contribuíram ao seu surgimento. Para isso, do ponto de vista metodológico, explorou e debateu a literatura. Conclui, assim, que o selo postal conquistou seu lugar no campo da Comunicação. (SALCEDO, 2014, p. 109).

Mencionar o selo postal adesivo é situar o olhar, de forma ampla, sobre a Europa do século XIX, momento de emergência dos Estados Nacionais e de transformações radicais nas sociedades capitalistas ocidentais e, em particular, sobre à Inglaterra. Lugar,

segundo os autores Hobsbawm e Ranger, de “tradição inventada”. Para esses autores, a expressão tradição inventada pode ser percebida como um conjunto de práticas sociais, usualmente admitidas por um grupo de pessoas, e “formalmente institucionalizadas”.

Além disso, a questão da repetição dessas práticas é essencial no estudo sobre as tradições, visto que, ainda conforme esses autores, a repetição visa “inculcar certos valores e normas de comportamento que implicam uma continuidade em relação ao passado apropriado”.(HOBSBAWM & RANGER 2002, p. 9, apud, SALCEDO, 2014, p. 110).

Cabe aqui uma breve alusão ao contexto em que o desenvolvimento inglês foi gerado. Não é nosso propósito historiar esse contexto, pois nos faria desviar de nossa trajetória. No entanto, é importante observar que a Inglaterra do sistema postal infalível também é um lugar de política imperialista, um poder devastador que dominou uma centena de territórios ultramar. Vale lembrar, que muitos desses territórios dominados estampariam as independências nos selos postais do século XX, após o período em mais existiram revoltas coloniais.

Os próprios colecionadores dos primeiros selos postais registraram esse fato. Segundo BELLIDO (2004, p. 81), redator de um dos primeiros periódicos sobre colecionismo de selos postais, fundado em meados de junho de 1896, "a Inglaterra é o país do mundo que maior número de colônias possui". Durante o final do século XIX e o início do século XX, a Grã-Bretanha foi o império que tinha o maior número de territórios ultramar dependentes ou anexados que emitiam selos postais (STANDARD Postage Stamp Catalogue, 2002).

Em 1898, uma franquia postal imperial única, no valor facial de 1d (2c no Canadá) foi instituída para todos os domínios do Império Britânico. Assim, o Canadá emitiu um selo postal em que um mapa ilustra, em vermelho, a despeito de algumas inadequações, as possessões britânicas ultramar, além da inscrição "XMAS 1898" (abreviatura de Christmas), época em que a taxa entrou em vigor, e a legenda “we hold a vaster empire than has been” (“nós possuímos um vasto Império, como jamais existiu”), extraído de "A Song of Empire", composto por Sir Lewis Morrisem 1887.

A "Reforma Postal" na Inglaterra A tarifa poderia ser paga pelo remetente ou destinatário da correspondência. Pagamento prévio da franquia conforme tarifas pré estabelecidas. A tarifa compreendia: as medidas, o peso, a classe e a distância a ser percorrida. Emissão de selos postais adesivos para comprovar o pagamento das correspondências conforme todo o seu Em Inglês: “Select Committee on Postage”, projeto e circulação. A arrecadação era difícil e a falta de pagamento dos envios era alarmante. Tarifas uniformes dentro do país, considerando o peso, mas sem levar em conta a distância, com o intuito de diminuir custos e tornar o serviço acessível para muitos.

O envio para regiões distantes somava as dificuldades da própria distância e os meios empregados, às cobranças relativas a cada correspondência. Diminuição efetiva do valor das tarifas (1 penny) a cada 14 gramas de correspondência enviada. Fonte: (SALCEDO2010, p. 94).

Tamanha mudança no modelo do sistema postal britânico não ocorreria tão facilmente, sem as devidas pressões político-econômicas. De fato, estavam em jogo o poder real, a liderança exercida pelo Parlamento e a própria economia britânica, em que pesem os conflitos na Europa e ultramar. Em 17 de agosto de 1839, o Parlamento inglês aprovou as sugestões de Hill alegando, conforme registram Almeida e Vasquez (2003, p. 17), "que serviam ao progresso comercial e ao desenvolvimento das classes mais favorecidas".

Logo após a aprovação da Reforma Postal, outro aspecto precisava ser resolvido.

Assim, um concurso público foi anunciado pelo Tesouro Britânico, com o objetivo de convidar o público a sugerir o melhor modelo para os selos postais. “Mais de dois mil e seiscentos desenhos foram enviados por artistas nacionais e internacionais” (GOLDEN, 2012, p. 21). A Inglaterra, reproduzindo o perfil da cabeça da Rainha Vitória, a partir

de uma medalha comemorativa gravada por William Wyon, inaugura o tipo “efígie”, com um selo postal adesivo que, oficialmente, foi chamado de Penny Postage, e que depois, já no âmbito da prática Filatélica ou do colecionismo de documentos postais, ficou conhecido como Penny Black artefatos fundamentais às transformações que iriam revolucionar os sistemas postais em todo o mundo.

 Assim, as características verbo-visuais do primeiro selo postal adesivo, emitido

na Inglaterra, no dia 06 de maio de 1840, foram: o valor facial impresso na margem inferior por extenso, "ONE PENNY"; o termo "POSTAGE" impresso na margem superior, indicando um serviço postal instituído pela administração postal daquela unidade política; a efígie da Rainha Vitória posicionada para mostrar seu perfil esquerdo, como num camafeu, e indicando a unidade política emissora da peça, no caso a Inglaterra; o fundo preto, com ornamentos nas margens direita e esquerda; por fim, as duas iniciais “M”, na margem inferior esquerda, e “H” na margem inferior direita, indicando a posição do selo na folha completa.

Os primeiros selos postais do mundo tiveram como elementos pictóricos ou visuais, praticamente em nenhuma exceção, a efígie, o brasão e a cifra, e como elementos verbais o termo postal, o nome da soberana ou conquistador e, ainda, o nome da moeda corrente na respectiva língua de origem da unidade política emissora. Podemos perceber uma práxis dos Estados em constituir uma identidade nacional e ultramar (nas suas colônias), por meio dos elementos verbo visuais.

O advento do selo postal proporcionou uma racionalidade do sistema postal inglês, que, por sua vez, gerou lucros elevados. Essa foi a principal razão, mas não única, para que nos primeiros dez anos que se seguiram à circulação dos selos postais ingleses, a maioria dos países europeus (e suas respectivas colônias) adotassem o mesmo sistema.

Os álbuns fotográficos, independente do título ou ocasião, vem se adaptando de acordo com as eras comunicacionais, vistas anteriormente na era pré histórica, até o dia dos álbuns de redes sociais. As fotografias presentes nos álbuns fotográficos privados, construídos ao longo de décadas pelas famílias, falam de uma história não oficial no sentido de que a “agência” que as produz não se vincula imediatamente à compromissos para além do próprio grupo. Enquanto uma forma de “história pelas imagens”, sua autoria, função e mensagem remete apenas de forma imediata ao estado ou a instituições. Seu foco volta-se para seus membros e seu conteúdo dialoga com a cultura familiar que atualiza a identidade e laços entre seus pares seja através do registro fotográfico, seja em sua conservação, seja em sua fruição em outras ocasiões:

A maior parte das vezes, a fotografia só existe e subsiste por sua função familiar, ou melhor, para a função que lhe confere o grupo familiar, que é a de solenizar e eternizar os grandes momentos da vida familiar e de reforçar a integração do grupo, reafirmando o sentimento que ele tem de si mesmo e de sua unidade.(BOURDIEU, apud, MACHADO, 1983, p.55);

Em sua abra clássica, “Un art moyen essai sur les usages socieux de la photografie” (1965), Pierre Bourdieu estudou as práticas fotográficas em grupos médios franceses, identificando sua utilização como um um “totem”: as fotografias serviriam para uma uniformização do sistema ótico e estético daquele grupo social. As fotografias familiares estariam envoltas em um culto doméstico, “reunindo cerimônias institucionais como os casamentos, os aniversários, as bodas, o batismo, a comunhão cristã, a viagem de férias ou de núpcias”, inscrevendo-as de “sancionar” e “consagrar a união familiar”.

Todavia, embora exista essa relativa autonomia, os valores ideológicos hegemônicos exercem sua influência tanto na oportunidade do registro, quanto em sua composição ou na forma de preservação e exposição como valor de culto, uma vez que seu campo discursivo tem ampla intersecção com aquele institucional:

Em suas cerimônias, as pessoas se fazem fotografar porque a fotografia realiza a imagem que o grupo faz de si mesmo; o que ela registra em seu suporte foto sensível não são propriamente os indivíduos enquanto tais, mas os papéis sociais que cada um desempenha: pai, mãe, avó, marido, debutante, militar, turista. (BOURDIEU, apud, MACHADO, 1983, p.55);

No esporte, principalmente no futebol, essas cerimônias, ou seja, os torneios mais importantes tem o seu álbum de fotos, ou Livro Ilustrado: O Álbum de Figurinhas .Os times, os jogadores daquele torneio, quem foi o melhor, quem foi rebaixado naquele ano, o artilheiro, o craque, os classificados para a Libertadores, tudo que envolve aquelas fotografias são guardadas como troféu para os colecionadores de álbuns de figurinhas do esporte bretão.

Mas não começou através do futebol a paixão de colecionar figurinhas, mas sim por cartões postais e estampas da Liebig , em 1875.

O que tange a paixão pelas figurinhas, antes feitas para um público mais específico, dependendo do tema da coleção, são estudadas pelo psicólogo Henry Murray, utilizando um método voltado para as 5 necessidades psicogênicas mias sentidas na personalidade das pessoas: 1. Aquisição, 2. Conservação, 3. Ordem, 4. Retenção e 5. Construção. A sensação de prazer derivada da posse, do colecionismo , contribui para a satisfação do indivíduo e para a qualidade de vida como um todo.Com a evolução das civilizações, itens colecionáveis tais como objetos de arte, livros e moedas deram origem a belas coleções, tendo algumas sido preservadas. Mas este prazer era reservado à uma minoria, a elite abastada. A invenção da litografia por Aloys Senefelder em 1798 e a disseminação deste processo na segunda metade do século XIX tornaram possível a produção de belas e baratas artes gráficas.

 Em entrevista feita por Samuel Gorberg, em 7/05/2000, publicada no site Brasil Cult, essa máquina do Marketing do consumo das coleções de álbuns de figurinhas, tem muito à ver com o mundo encantado dos nossos sonhos:

        A figurinha nos permite, afinal, anos e anos depois, ter um reencontro cheio de saudade com os heróis, os mitos e os mágicos que encantaram os melhores sonhos da infância e juventude. Eles nunca mais nos abandonam, ainda que durando apenas como emocionada recordação. Eles são o que fomos em estado de exaltação e fantasia. São o cortejo encantado dos nossos sonhos.(GORBERG,2000, p.7)

A resposta de Artur, a questão de pausar uma memória marcante de um fato que nos faz retornar no futuro aquele passado já vivido. Um momento de lembrança, saudade e nostalgia, sendo uma forme de resgatar ao subconsciente aquela época, o que aconteceu naquele ano com a pessoa, os fatos históricos daquele ano da publicação do Livro Ilustrado, ou seja o Álbum de Figurinhas.

2.2 A relação entre o futebol e os álbuns.

O que foi coletado de entrevistas para a monografia tem muito a ver com esse subcapítulo, que divide a monografia. As entrevistas como sociólogo Ronaldo Helal, sobre a sociedade e o futebol, além do jornalista Marcelo Duarte, falando sobre os álbuns de figurinha e o que tem de informação para apresentar ao seu público, além do Seu Moreira, o filho Carlos Eduardo e sua esposa Emília, falando sobre a coleção de figurinhas real/virtual.

A entrevista com Ronaldo Helal, no dia 16 de Outubro, na UERJ, foi feita para servir como a questão fundamental da transição do futebol para o colecionismo, ou seja, por que um depende do outro. Para responder a primeira pergunta, sobre o que envolve a coleção das figurinhas do Campeonato Brasileiro e o torcedor, ou seja, o consumidor do esporte, Helal foi objetivo:

Eu não estudei sobre o álbum ainda. Existem pessoas que gostam de futebol e não colecionam álbuns de figurinhas, eu (Ronaldo) por exemplo. Tem pessoas que odeiam futebol e que gostam de colecionar figurinhas de futebol. Isso depende muito da pessoa. Existe um torcedor do Flamengo que coleciona todos os ingressos dos jogos que ele assistiu, outros colecionam camisas de clubes, chaveiros, canetas. (HELAL, 2014);

Pensando na resposta de Helal, ele quis dizer claramente que nem todos tem o objetivo de acompanhar o seu time através de álbuns de figurinhas, pode ser a partir de revistas, jornais, guardando ingressos das partidas que assistiram os torcedores apaixonados pelo esporte.

Uma outra questão levantada para o sociólogo carioca, foi sobre a paixão entre os brasileiros e os argentinos, pois ele viveu por 2 anos na Argentina, vivenciando o futebol dos nossos vizinhos. A questão todo fica sobre as peculiaridades sobre o torcedor e os times da Argentina, pois todos os clubes tem estádio próprio, diferente de alguns clubes no Brasil, exemplo de Flamengo e Fluminense, que dividem o Maracanã, como mandantes:

Vivi na Argentina por 2 anos. A paixão é bem parecida com a nossa (brasileiros). A diferença está no comportamento do torcedor. Na Argentina, o time está perdendo eles não vaiam o jogador que está jogando mal, o treinador que mexeu mal, eles apoiam até o final e quando estão perdendo, respeitam a festa do adversário. Esse comportamento talvez por todos os clubes argentinos terem o seu estádio, portanto o torcedor visitante fica restrito a uma porcentagem pequena da arquibancada. (HELAL, 2014);

Observando a resposta de Helal, verificamos o quanto temos que aprender com o torcedor argentino, relembrando que existem clubes com torcidas que não respeitam essa norma. Vimos um exemplo muito evidente com os Barra bravas, torcida radical, tendo um exemplo a torcida La 12, do Boca Juniors. A partir dos Barra bravas da Argentina, no Brasil tem um modelo de torcedores com a Geral do grêmio, seguindo esse mesmo padrão de torcida não- convencional, gritando e apoiando o time, ganhando ou perdendo.

Uma outra pergunta feita ao professor da UERJ foi exatamente sobre a mídia e o futebol, qual a relação entre esses elementos. A resposta veio com uma pergunta a sua aluna da Pós Graduação, que estava na sala, na hora da entrevista. Ele perguntou se ela acompanhava o time pela imprensa, ia ao estádio e citou as novas formas de acompanhar o time, através das novas mídias. Ela vai ser a minha entrevistada agora. Você já foi quantas vezes ao Maracanã esse ano? Contando com a Libertadores, umas 10 vezes. Mas eu sou sócia-torcedora do Botafogo. Então ela acompanha além dos jogos, sendo em campo, ou pela TV, ela acompanha as notícias na internet, via mensagem de texto, sabe quem foi embora do clube, quem foi contratado. Hoje tem inúmeras maneiras de acompanhar o time de coração. Uns não vão ao estádio, então acompanha pela tv, eu não tenho Pay Per View por exemplo. Então eu posso estar numa sessão de cinema, quando acaba eu acesso a Internet do celular e visualizo o resultado da partida do meu time, além do rádio pelo celular também.(Helal,2014);

A entrevista feita com o Jornalista Marcelo Duarte, no dia 13/10/14, via telefone, foi ressaltado a importância de informar ao público qual a importância do álbum de figurinhas para informação, ou seja, o que pode ser aproveitado do álbum de figurinhas para passar conhecimento ao visualizador daquele objeto, ou seja, o Livro Ilustrado:

Bom, eu coleciono figurinhas desde criança, então a escalação dos jogadores, mesmo a edição não sendo 100% fiel a escalação de origem, devido às janelas de transferência dos jogadores. A própria imagem do jogador, o tipo de cabelo de quando começou a carreira e depois como está hoje, o clube onde começou e onde está agora, isso é muito legal. (DUARTE, 2014);

Numa interpretação à respeito do pensamento do Marcelo, a foto, o nome completo, a cidade onde nasceu, o ano que o jogador nasceu, a altura, o peso e a posição que ele joga em campo são as informações que aquela mídia passa para o leitor(a)

Com a virtualização dos meios, inclusive dos álbuns de figurinhas, Duarte acredita na sensação da nostalgia de colecionar o real somente, pois o virtual remete para ele a sensação de solidão, sem ter o bom da brincadeira que é interagir com pessoas e conhecer o outro colecionador e trocar informações sobre figurinhas:

Não sou de guardar o código virtual não. Sou um colecionador a moda antiga. Gosto de colecionar e trocar com os amigos, sentir a ansiedade e ter aquela expectativa em saber qual a figurinha vem no pacotinho de figurinha. Sinto que colecionando através do álbum virtual, é uma sensação solitária, não sei como é, se posso trocar com outras pessoas figurinhas virtuais, gosto mesmo do álbum físico. (DUARTE, 2014);

O relato pessoal de Marcelo remete a muitas pessoas que colecionam figurinhas. Porém, o colecionista virtual interage um com o outro, apenas via redes sociais e trocando repetidas virtuais. Não existe uma sinergia física, tátil, apenas virtual, visual apenas.

2.3 A transição para o virtual nas coleções:

Neste subcapítulo, inicia-se a compreender o objetivo do TCC. O início das coleções virtuais, mantendo o real como a vedete, ou seja, o produto principal a ser consumido, tendo um plus a coleção virtual, ou seja, obter uma conquista a mais no objetivo de colecionar objetos.

A Divisão Digital Panini , foi criada em 2000 na aquisição da Panini do Projeto Futebol Digital srl, com sede em Brescia, norte da Itália, e, posteriormente renomeado Panini Digital. A Divisão usa software ativado por voz para capturar estatísticas em tempo real relevantes em mais de 150 movimentos que um jogador de futebol faz durante o curso de um jogo. Estes dados estatísticos podem ser agregados em uma variedade de maneiras de fornecer tabular ou análises gráficas e comparação de equipes e jogadores individuais. Como exemplo, o software pode fornecer um display gráfico que indica qual jogador fez o maior número de passes e a quem, quais as partes do campo de jogo um jogador foi mais ativa, e vários outros tipos de análises sobre uma base em tempo real. Estes dados estatísticos são vendidos para equipes de futebol, agentes de jogadores, meios de comunicação e empresas de jogos de vídeo que incluem esses dados no desenvolvimento de seus jogos.

A Coca-Cola, em parceria com a Panini e com a Fifa, criou um projeto de um álbum de figurinhas virtual e a empresa Plakker também criou um projeto que foi chamado de Plakker Album, para a Copa da África do Sul de 2010 (Foto) . Primeiramente, havia um álbum virtual que era completado com figurinhas que o usuário ganhava, acessando a rede social da Coca-Cola. Era possível apenas a troca de figurinhas com outras pessoas, que também tinham um álbum virtual e o objetivo era apenas completar o mesmo.

O álbum virtual do Campeonato Brasileiro 2011, foi a primeira experiência da Panini do Brasil LTDA em parceria com o site da SPORTV www.sportv.com/albumdobrasileirao, sendo feita uma pesquisa profunda antes de introduzir no mercado brasileiro a convergência de mídia, integrada com o álbum físico, ou seja,real.A parte etimológica, dentro do ambiente do álbum virtual, no exemplo do álbum da Panini do Campeonato Brasileiro 2011 , para divulgar os produtos editoriais, tem a definição dada por Pierre Levy, no Livro Oque é o Virtual (1996) da seguinte forma:

A palavra virtual vem do latim medieval virtualis, derivado por sua vez de virtus, força, potência. Na Filosofia escolástica, é virtual o que existe em potência e não em ato. O virtual tende a atualizar-se. Sem ter passado no entanto a concretização efetiva ou formal. Em termos rigorosamente filosóficos, o virtual não se opõe ao real, mas atual: virtualidade e atualidade são apenas duas maneiras de ser diferentes. (LÉVY, 1996, p.15)

Pensando a partir de LÉVY (1996), a rapidez das informações, sendo sempre renovadas por um novo meio de ser relacionada ao esforço de ultrapassar limites, no caso do objeto de estudo, o álbum virtual do Campeonato Brasileiro 2013 (Foto), tem uma intensificação de emoções, de conquistar outros meios de comunicações, como se fosse para reagir à virtualização dos corpos que certamente jamais atingiu uma proporção tão grande da publicação.

O artigo dos alunos Alyson Benoni Pereira e Cláudio Kirner, da Universidade Federal de Itajubá-MG, com o tema Álbum Interativo de Futebol Utilizando Realidade Aumentada Online, 2012, define o ápice das coleções de figurinhas, como o evento da FIFA, a Copa do Mundo Masculina:

Àlbuns de figurinhas, como as de baseball e futebol, e, principalmente, os que surgem durante o período de competições especiais, como a Copa do Mundo, sempre foram objetos que atraem a atenção da maioria das crianças. O maior apelo deles é a chance de se colecionar as figurinhas, trocá-las e, porventura, completar o álbum.(PEREIRA & KIRNER, 2012, p. 1)

Os pontos negativos das coleções virtuais de figurinhas é a parte de não interagir fisicamente com as pessoas, ou seja, dar e receber, trocar energia, através de trocas em escolas, shoppings e bancas de jornal.

             As famosas Hashtags ‘#’ usados nas páginas do álbum do Brasileirão 2013 (#meinspira da Petrobrás, #MinhaSeleçãoPlacar da Revista Placar, da Editora Abril) estão modificando a maneira de se interagir com o público através de produtos, programas e assuntos relacionados, pontuando qual o assunto a ser abordado, trazendo ao contexto do álbum de Figurinhas com a questão das figurinhas repetidas e o conceito das redes sociais e abreviações pela mudança do modo de utilizar uma linguagem atual e rápida de se compreender é entendida por Lévy (1996), por ser algo bem temporário, pois o texto contemporâneo, alimentando correspondências online e conferências eletrônicas, correndo em redes, fluido, desterritorializado, mergulhado no meio oceânico do ciberespaço, esse texto dinâmico reconstitui, mas de outro modo e numa escala infinitamente superior, a co presença da mensagem da mensagem e de seu contexto vivo que caracteriza a comunicação oral (e em particular ajuda-lo a navegar) é o melhor meio de ser reconhecido sob o dilúvio informacional.

   Tratando-se da mudança de ser feita uma leitura através de um meio virtual, utilizando meios de aplicativos pelo Android e pela Apple Store, para controle das figurinhas tem cuidados a serem tomados, inclusive no vício de colecionar álbuns de figurinhas de futebol, pois o virtual só eclode com a entrada da subjetividade humana no circuito, quando num mesmo movimento surgem a Inter determinação do sentido e a propensão do texto a significar, tensão que uma atualização, ou seja, uma interpretação, resolvida na leitura.

  Sobre a diferença do virtual para o real ou vice e versa, o álbum real tem mais conteúdo gráfico do que o virtual, tendo mais informações sobre os jogadores, dados e figurinhas da série B, por exemplo, para distinguir o real do virtual, LÉVY (1996) diz que :

Uma vez claramente distinguidos esses dois planos, o do par potencial-real e o do par virtual-atual, convém imediatamente sublinhar seu envolvimento recíproco: a digitalização e as novas formas de apresentação do texto só nos interessam porque dão acesso a outras maneiras de ler e compreender. (LÉVY, 2006, p.40)

  Colocando em questão o consumo das figurinhas, a mudança do real ir para o virtual, transitando um paralelamente com o outro, tendo uma maneira bastante peculiar, segundo Ernesto Giglio em O Comportamento do Consumidor (2010) aborda sobre a técnica de associação livre, de Sigmund Freud, observando os seus pacientes, Freud cria o seu conceito mais importante: o inconsciente e o mecanismo da repressão: o consumo seria explicado para Giglio (2010), como o comportamento resultante desses conteúdos inconscientes, ou seja, o consumo tem como a principal característica as formas de satisfação dos desejos inconscientes do indivíduo que vai consumir um álbum de figurinhas, tratando dos métodos de atraí-lo a comprar o álbum desse ano, dando um novo visual a cada ano, com layout de página atraente visualmente, com facilidade de navegação pelo site do álbum virtual, atualizando informações e resultados da rodada do Brasileirão séries A e B, entre inúmeras formas de deixar o consumidor cada vez mais conectado sobre a sua coleção.

        O modo e os objetivos a serem concluídos pelo colecionador e se sentir satisfeito, através para completar o Álbum de Figurinhas do Brasileirão 2013, Giglio (2010) ressalta sobre, as operações mentais inconscientes, de Sigmund Freud, construídas através de três estruturas fundamentais: o id, a fonte primitiva que opera no princípio da realidade e o superego, estrutura que opera no princípio de proibições e obrigações. Exemplificando cada estrutura para o colecionador de figurinhas, o indivíduo que tem um superego rigoroso, punitivo, que proíbe alguém de colecionar figurinhas- aquele álbum que tem as fotos dos jogadores com o uniforme do seu clube, o artilheiro do campeonato estadual que é atacante do seu time, está na banca de jornais só esperando para que o seu id pede, a ponto de fazer você ir para a banca e ficar diante da vitrine do álbum, utilizando o princípio da realidade do ego para racionalizar que o álbum real está caro esse ano e que não teve a promoção do jornal mais o álbum de cortesia, como nos outros anos, fazendo você ir embora satisfeito, talvez pensando em comprar quando receber o pagamento da sua empresa onde trabalha, tendo um outro objetivo, ou seja, deslocando sua vontade para a fantasia de um diário esportivo para ser comprado como objeto substitutivo.

 Em 1943, Abraham Maslow escreveu um paper chamado “A teoria a motivação humana” onde ele estabeleceu uma pirâmide de 5 níveis com uma hierarquia de necessidades humanas, que vão do nível 1 (Physiólógico) até o 5 (Atualização). Maslow defende que os níveis mais altos da pirâmide só ganham foco quando as necessidades de níveis inferiores são satisfeitas em sua maior parte ou totalmente, e cada nível depende da satisfação alcançada no nível inferior. Uma vez que você sempre trabalha com pessoas, e em um momento de crise é quando você mais depende deste pessoal, as teorias de Maslow podem ter papel fundamental na criação de um plano de continuidade de negócios bem sucedido.

Com relação ao método de colecionar o álbum tanto real quanto o virtual, as lembranças do passado e o presente com a facilidade de se lembrar do nostálgico através do virtual, Giglio cita Maslow, para diferenciar do conceito de Sigmund Freud, tendo como princípio a teoria de Maslow voltada para o presente do consumidor, onde o passado e o futuro são secundários “Em outras palavras, a hierarquia do que é importante muda. Captar as mudanças mais profundas e compartilhadas por um grupo e antecipar-se a elas é o objetivo de um bom sistema de informações em Marketing, o que a Teoria de Maslow não proporciona.

O planejamento empresarial não precisa estar fundamentado só em necessidades do presente, mas nas expectativas (o futuro) que movem o sujeito por meses e anos”. (GIGLIO, 2010, P.43) Onde a convergência do Livro Ilustrado real, vendido nas bancas de jornais e livrarias, saem do real, indo para o real, tendo uma interdependência com o álbum real, pois sem comprar o pacotinho de figurinhas reais, não tem como preencher o álbum virtual, pois o código dos cromos virtuais vem no pacote real que custa 0,90 centavos, com 5 cromos mais o código para ganhas três cromos virtuais.

 O método de abordagem visual da sessão especial patrocinado pela Petrobrás dos artilheiros históricos de cada clube, dando um tom de nostalgia ao colecionador do Álbum do Brasileirão 2013, tanto real quanto virtual, Barbero (2010) ressalta o questionamento que as novas tecnologias produzem acerca das identidades culturais opera, assim, sobre diferentes registros, que precisam ser distinguidos, sobre o desafio que se impõe ás tentativas de fuga, para o passado, a tentação idealista de postular uma identidade cujo sentido se acharia na origem ou, de todo modo, lá atrás, por debaixo, fora do processo e da história da atualidade.

  A identidade coletiva, sendo dada uma continuidade no presente do colecionador do Álbum do Brasileirão 2013, e a questão Nostalgia X Realidade é vista por Barbero (2010) da seguinte maneira:

Não é a memória a que podemos recorrer, e sim aquela outra, de que somos feitos. E isto não tem a ver com nostalgia, porque a “função” dessa memória na vida de uma coletividade não é falar do passado, e sim dar continuidade ao processo de construção permanente da identidade coletiva. (BARBERO,2002, p.257);

 Levando em consideração a maneira de colecionar um álbum de figurinhas, não importando o quanto o colecionador tem financeiramente para fazer a sua coleção, Philip Kotler e Kevin Lane Keller em Administração & Marketing (2006), falam sobre a psicologia do consumo, dando um exemplo de Sigmund Freud, onde ele concluiu que o comportamento humano sendo influenciado pelas forças psicológicas são inconscientes, sem compreender as suas motivações por completo. O formato, o peso, os elementos visuais, cores e nomes estimulam essas associações, dando ao profissional de marketing a decisão do nível da mensagem e do apelo ao seu público-alvo.

Para falar sobre outro método psicológico, voltado para o consumo, KOTLER & KELLER (2006) abordam o método da pirâmide invertida, de Abraham Maslow, tendo a função de explicar por que os indivíduos são motivados por necessidades específicas em determinados momentos, tendo em vista que o exemplo é de necessidades fisiológicas, segurança, estima e auto-realização.

“A resposta de Maslow é que as pessoas tentam satisfazer as mais importantes em primeiro lugar. Quando conseguem satisfazer uma necessidade importante tentam satisfazer a próxima necessidade mais importante.” (KOTLER & KELLER, 2006, p.184)

Trazendo para o universo do colecionador de figurinhas, por exemplo, tem a preferência de completar o do seu time de coração, para depois ir completando o dos outros clubes.

Toda a adaptação ao virtual teve uma pesquisa e uma apelação publicitária muito forte. A partir do próximo capítulo, o TCC ganha forma com as coletas de dados por observação das mídias sociais do Torcida Panini e a observação da pesquisa de campo, feita na sede da Panini do Brasil LTDA, em Barueri-SP.

3. O ÁLBUM DO CAMPEONATO BRASILEIRO

O capítulo temo caráter de descobrir através dos anexos e a pesquisa de campo na Editora Panini, se realmente houve a adaptação ao virtual nas coleções da empresa e todas as análises das mídias sociais, Facebook, Twitter e Google Plus da Torcida Panini.

3.1: A História da Editora Panini

A Panini foi fundada em 1961 com o lançamento da primeira coleção do Campeonato Italiano de futebol. Em 1945 os fundadores, os irmãos Panini, abriram uma banca de jornal em Corso Duomo em Modena e em 1954 fundaram a Panini Brothers companhia de distribuição de jornais. A divisão de figurinhas e cards é parte de um importante grupo internacional que na Itália e nos principais países da Europa, consiste em 4 divisões. Além da divisão de figurinhas e cards, temos uma divisão de histórias em quadrinhos, divisão New Media (Panini Interactive, que é responsável da Internet e serviços relacionados a mesma) e uma companhia de distribuição de revistas em quadrinhos (Pan Distribuzione, que além da distribuição, faz o trabalho de logística e análise de mercado dos nossos produtos).

  No Brasil, com sede em Barueri – SP – a empresa iniciou suas operações em 1989 e é líder em seus segmentos de atuação na América Latina. Na divisão de publicações, possui contrato de licenciamento com a Turma da Mônica, Marvel Comics, DC Comics, Vertigo, mangás, entre outros.

Oficialmente, o Grupo Panini foi fundando em 1961 com o lançamento da primeira coleção de figurinhas do Campeonato Italiano de futebol. A companhia permaneceu uma empresa familiar, mesmo atingindo o faturamento anual de cerca de 100 Bilhões de liras (US$ 60 Milhões).A companhia permaneceu uma empresa familiar, mesmo atingindo o faturamento anual de cerca de 100 Bilhões de liras (US$ 60 Milhões).

Em 1988 a companhia foi vendida para o grupo Maxwell, que gerou uma série de mudanças administrativas e instalou um gerenciamento internacional. Após anos de instabilidade financeira, em 1992 a Panini foi comprada por Bain Galo Cuneo e De Agostini. Somente 2 anos de boa administração foi suficiente para retornar aos anos de glória. A Panini então foi incorporada ao grupo Marvel Entertainment, que manteve toda a equipe administrativa gerenciada por A.H.Sallustro.

Em 8 de Outubro de 1999 a Panini foi comprada pelo grupo italiano Fineldo Spa de Vitório Merloni, juntamente com a alta administração da empresa. O grupo Fineldo está envolvido na fabricação de vários produtos de consumo e atividades financeiras.

Em 2000 o Grupo Panini concluiu, na Itália, um acordo para aquisição do controle acionário da empresa "DigitalSoccer Project", que desenvolve softwares revolucionários no setor do esporte. Na França, concluiu um acordo para adquirir a empresa "World Foot Center" que opera no setor de merchandising, distribuição e promoção do futebol. Além disso, o Grupo Panini vendeu as atividades de produção de papéis autoadesivos, representada pela Divisão Adespan, à empresa Avery Dennison, líder mundial no mercado de produtos auto-adesivos.

O Grupo Panini, com sede em Modena, Itália, é líder mundial no setor de colecionáveis e trading cards. A empresa multinacional é uma das principais editoras de revistas e livros infantis, na Europa e na América Latina, sendo também o principal distribuidor de outros produtos em Itália, França e Espanha. Por outro lado, a Panini também está envolvida em muitos e importantes programas de multimídia. Em 2013 o faturamento do Grupo Panini ultrapassou os 531 milhões de euros (728 milhões de USD), comercializando os seus produtos em mais de 120 países e possuindo atualmente 900 colaboradores.

3.1.1 A História dos álbum de futebol

A empresa italiana publica desde 1961 álbuns de figurinhas de futebol e adquiriu direitos exclusivos para a coleção oficial World Cup 2014 – FIFA. A Panini é parceira dos principais clubes de Futebol do mundo. Entre suas várias coleções, estão os álbuns exclusivos da Copa do Mundo, Copa da Europa, UEFA CL, Copa América, Calciatori Italiano, Campeonato Espanhol, Campeonato Brasileiro e muitos outros.

O hábito de colecionar figurinhas vem de 1907/08, numa publicação da tabacaria Estrela de Nazareth, e cada uma das 60 figurinhas correspondia a uma bandeira de um país. Mas as figurinhas só foram cair no gosto popular depois do lançamento do álbum de estampas dos sabonetes da então recém-inaugurada Eucalol, em 1925. Foi uma estratégia de marketing da empresa para se fixar no mercado. Quem comprava uma caixa com três sabonetes levava de brinde três figurinhas. Nos anos seguintes, vieram os famosos álbuns de balas (Balas Futebol, Balas Cinédia, Balas Fruna, Balas Ruth), que fizeram sucesso com o público infantil e, a exemplo do que aconteceu com a Eucalol, alavancaram a indústria de doces.

O Campeonato Brasileiro de 1989 não foi o primeiro a ilustrar um álbum de figurinhas. Antes dele, a Editora Abril já havia lançado um álbum do torneio de 1977, que englobava 62 times brasileiros. A experiência só se repetiu uma década depois, quando o mesmo grupo colocou nas bancas o álbum da Copa União de 1987, torneio que correspondeu ao Campeonato Brasileiro naquele ano.

Foi só em 1989, no entanto, que a Abril, já em parceria com a Panini, iniciou a tradição anual da confecção de álbuns de figurinhas do Campeonato Brasileiro. Em 1995, a sociedade entre os dois grupos foi rompida, e a Panini assumiu de vez a produção, a partir de 1996 .

As parcerias entre as mídias e os produtos voltados para o futebol, através de promoções e concursos em paralelo com as publicações dos álbuns de figurinhas, determinando a sua força e influência para vender os seus produtos editoriais, através de mídias impressas, sites e tv.

3.2 A Força da Mídia

Propagandas e publicações na internet nos dias de hoje são comuns, principalmente nas redes sociais. Porém, antigamente a Panini utilizava a televisão, principalmente os programas de esporte. O programa Show do Esporte, da Rede Bandeirantes, foi uma das parceiras nos anos 90 da Panini.

Nos anos 2000, jornais que fazem até hoje parceria para comprar o jornal e levar grátis o álbum mais 4 figurinhas, atraindo o consumidor a comprar o jornal e levar o álbum que só seria lançado 3 a 7 dias depois. Além dos canais de tv a Cabo, a ESPN, com a divulgação do álbum da UEFA Champions League, a Panini divulgou e pegou carona na nova mania do torcedor brasileiro, dando um produto editorial , publicado pela Panini Internacional e fidelizando o torcedor a acompanhar o melhor campeonato de clubes da Europa..

A partir de 2010, a força da mídia virtual começou a fazer com que a Panini migrasse para o virtual, começando todo o processo de convergência para as redes sociais e criando um universo virtual de colecionar figurinhas, sem ferir o produto principal: o álbum físico.

A experiência da Panini, em parceria com a FIFA e patrocinada pela Coca-Cola, para divulgar o álbum da Copa do Mundo da África do Sul, tendo uma aceitação do álbum real e virtual surpreendente, tendo em vista que no Brasil, 60 por cento da audiência do álbum virtual, eram dos colecionadores brasileiros.

Por isso, no ano seguinte, a Panini do Brasil regionalizou o álbum virtual, em parceria com a SPORTV, fazendo o álbum virtual do Campeonato Brasileiro 2011.

Na visita feita a sede da Editora Panini do Brasil LTDA, na cidade de Barueri, em São Paulo-SP, podemos avaliar de perto todo o processo de fabricação e quebrar certos paradigmas com relação as figurinhas difíceis.

A entrevista só pôde ser feita após várias conversas com o Gerente de Marketing Marcelo da Silva, enfatizando as exigências de não poder gravar ou tirar fotos dentro da Editora, além de não poder ter acesso a dados sobre acessos e audiência dos álbuns virtuais do Campeonato Brasileiro.

3.2.1 Torcida Panini

O site da Editora Panini foi criado para trazer todas as novidades e notícias sobre as publicações de futebol colecionáveis. Além do site, existem as redes sociais no Facebook, Twitter, Google Plus, Instagram e YouTube (Imagem).

Todas as postagens, tem sempre a característica de promover os álbuns da Panini do Brasil LTDA, criando nova possibilidades de interagir com o seu público. O nascimento da Torcida Panini, foi no dia 16 de Abril de 2010, com postagens sobre as trocas de figurinhas da Copa do Mundo de 2010 (Fotos)

Para sacramentar todo o sucesso dos produtos Panini, precisa mostrar as estrelas das coleções postando selfies e histórias com a citação da Fan Page Torcida Panini (Foto).

Para colocar em questão a publicidade dos produtos na Fan Page do Facebook, o destaque fica para os jogos que vão mexer com os torcedores do Rio de Janeiro, como o exemplo de figurinhas com os escudos de Flamengo e Botafogo (imagem).

A parceria com a Editora Abril fica evidenciada nas postagens, com a campanha #MinhaSeleçãoPlacar, para o Instagram(foto)

3.2.2 A Fábrica dos Sonhos


A visita foi realizada no dia 18/11/2014, com duas horas de duração, passando primeiramente pela parte dos cortes das figurinhas, ou seja, pelo processo da fabricação das figurinhas, com a coordenação do Gerente de Fábrica Mário César Costa.

No sentido de informar como é todo o processo da fabricação das figurinhas, Mário explica que a impressão das figurinhas não é na Editora, mas sim numa empresa terceirizada: “Em todas as fábricas, exceto da Itália, que é a sede, as impressões são em empresas terceirizadas, fazendo apenas o envio dos arquivos para a impressão”, relata o responsável da produção da Panini.

Para executar o corte das figurinhas impressas na gráfica, Mário resume quais os processos para as figurinhas chegarem ao pacotinho que compramos nas bancas: “As folhas impressas chegam no tamanho de corte aproximado do A4, depois pegamos essas pranchas e colocamos na máquina Polar 06 Guilhotina, colocando após os cortes das folhas grandes na maquina envelopeira, onde temos a produção dos pacotinhos de figurinhas. São de 5 em 5 figurinhas por pacote, tendo compartimentos de 5 x 4, envelopando 20 pacotes de figurinhas e sendo colocadas numa caixa, para depois ser embalada e enviada para os postos de venda”, relata o profissional de colecionáveis.

Os pedidos chegam na editora, em média 10 mil por dia, para completar coleções. No que diz respeito a fabricação de álbuns de figurinhas antigas e suas figurinhas, feitas na Panini Itália, a sede da Editora, Mário relembra como era feito as fabricações do álbum da Copa do Mundo de 1970: “As figurinhas eram encomendadas e a fabricação era feita hoje, como se fosse no ano da publicação do álbum(1970). O papel, a impressão, as impressoras e todo o processo de corte, eram feitos a moda antiga, para dar um ar de nostalgia ao produto solicitado pelo colecionador”, conclui.

3.3 O ângulo das editoras Versus O público recebendo essa nova informação

Nesse subcapítulo, chegamos a cereja do bolo, ou seja, toda a adaptação chega ao objeto de estudo, o álbum virtual do Campeonato Brasileiro da Editora Panini, além das redes sociais, do aplicativo Panini Collectors e dos anexos com o colecionador Carlos Moreira e família, Camila Moreira e o Gerente de Marketing da Editora Panini do Brasil LTDA Marcelo Silva.

3.3.1 Colecionando em Família

A entrevista em anexo com o colecionador Carlos Moreira, de 66 anos, morador de Cabo Frio e a sua família, dando a visão do colecionador a publicação da Editora Panini e como começou o seu Hobby, o hábito de colecionar figurinhas de futebol.

A conversa começa sobre os álbuns da Copa, onde a Panini é detentora dos direitos do Produto Editorial àlbum de Figurinhas, desde 1962. O assunto logo de primeira, sem deixar a bola cair é o álbum virtual é o colecionador Seu moreira revela:

“Quem faz a coleção do álbum virtual é o meu filho, o Cadú. Eu não gosto do virtual, até porque eu tenho problemas de visão e não posso enxergar os códigos de acesso as figurinhas virtuais.” Relata o colecionador.

O filho de Seu Moreira, o estudante de Educação Física Carlos Eduardo Moreira, 29 anos, relata como é a experiência no ambiente virtual dos álbuns da Panini: “ No virtual é mais fácil trocar as figurinhas, encontrando inúmeras pessoas sem sair de casa, dentro do ambiente virtual do álbum. O número de figurinhas virtuais é menor, em comparação com o álbum real, mas não é a mesma sensação de colecionar o real, que você pode tocar no papel. Mas a facilidade de trocar é imensa, conversando com pessoas de todo o Brasil, divulgando as figurinhas repetidas que tem e trocar com essas pessoas via web”. Relata o estudante.

No que diz respeito aos códigos virtuais, Cadú afirma o modo de conseguir as mesmas: “ Eu consigo nos pacotinhos de figurinhas mesmo. Existem grupos nas redes sociais que divulgam os códigos virtuais, mas eu consegui pegar nenhum pelos grupos das redes sociais não”, finaliza.

Toda a coleção do Seu Moreira tem a preocupação de como vai ser armazenada, ou seja, guardada, ele utiliza plásticos para guardar os álbuns, dando uma importância a conservação e também para manter aquele produto editorial com uma vida útil longa.

Uma das aparições nas perguntas feitas ao Seu Moreira, após as respostas de voz branda e cansada do colecionador, vem na porta da varanda a Dona Emília Moreira, questionando o fato do virtual ser um modo de colecionar e fazendo um bate bola com o marido com relação ao álbum virtual, com o receio do virtual acabar com o álbum real “Só o virtual não tem como manter o contato com o outro colecionador, fazendo contato e conhecendo a outra pessoa, ou seja, socializando através das figurinhas. A emoção de encontrar com os conhecidos da banca para trocar, se o virtual tomar conta e o físico acabar, o meu marido não poderá colecionar mais.” desabafa Dona Emília.

Sobre o modo de acessar o álbum virtual, Dona Emília questiona a popularidade e a dificuldade de acesso, para ela do álbum virtual: “ Nem todo mundo tem computador ou condições de acessar o álbum virtual e nem todos sabem mexer no ambiente virtual” resume.

Entrando no assunto sobre o futuro das coleções, Seu Moreira responde com otimismo e afirma que os dois, o par real-virtual vão conseguir viver juntos: “ Eu acho que vai ter o público para o real e o público pro virtual(Dona Emília: “o importante é que não fique só o virtual, pois o que falta hoje é o contato do ser humano com o outro. Isso que está faltando nos dias de hoje, o contato um com o outro.” Respondem o casal.

A questão das trocas das figurinhas físicas, sendo uma fuga dos problemas da vida real, serve como uma maneira de organizar os problemas e resolvê-las, igual as trocas: “Quando você vai na banca, seja a pessoa conhecida ou não, a gente começa a conhecer o problema do outro, tentando ajudar nas figurinhas e na vida, trocando experiências e fazendo esquecer todo o problema daquela pessoa, voltando a ser criança, num momento de nostalgia de trocar e vivenciar as figurinhas já colecionadas no passado, fazendo com que esqueçamos da vida real e da hora de voltar para casa”. Concluem.

3.3.2 O estudo das trocas de figurinhas na Copa 2014

A professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro Camila Augusta Alves Pereira, escreveu o artigo A comunidade e a troca de figurinhas da Copa do Mundo de 2014, para a Intercom 2014, apresentado em Foz do Iguaçu-PR, para investigar o comportamento do colecionador do Produto Master da Editora Panini e a paixão pelo colecionismo, trazendo para o lado da sociabilização, focando no lado como fato histórico, social, econômico e comunicacional, visto como empreendimento que mobiliza a sociedade, promoções, investimentos públicos e privados.

No artigo e na entrevista feita por e-mail, Camila aborda primeiramente a questão de como tirar proveito desses eventos paralelos a copa, para trocas de figurinhas e no ângulo jornalístico, como podemos trazer a informação para um ângulo até econômico, conseguindo uma grana extra com as trocas de figurinhas e vendas dos cromos repetidos:

A mobilização gerada em torno da coleção e as ações sequentes, como a conclusão do álbum, a troca de figurinhas, o empenho, e obviamente, o lucro do negócio. Matérias da mídia e o próprio portal da Panini destacam como a coleção do álbum movimenta a economia. Em meu trabalho (artigo), aponto que virou forma de negócio não só para a editora, mas uma oportunidade de ter uma grana extra no orçamento. (PEREIRA, 2014)

Ainda nos pensamentos descritos no artigo de Camila, a Copa do Mundo traz prestígio ou impacto econômico para a comunidade local, gerando inúmeras oportunidades de negócios para esse público. Por isso a Editora Panini trouxe para essa Copa a coleção paralela ao àlbum do XL Adrenalyn, que são cards com pontuações de defesa, meio campo e ataque, para duelar com os cards de outros colecionadores, seja no intervalo do colégio, nas trocas nas bancas, ou pelo ambiente virtual do Adrenalyn (foto), o www.paniniadrenalyn.com, como o ambiente dos desafios online, com pessoas de todo mundo, desafiando com as cartas registradas no verso com um código de credenciamento para entrar no time do usuário, formando a sua seleção de cards e desafiar os adversários da web.

No que diz respeito ao método de colecionar e as trocas nas bancas de jornais, Camila aborda no seu artigo, as experiências de campo, ou seja, as bancas e postos de troca onde foi feita as suas análises acadêmicas: Foram visitados seis grupos organizados para a troca de figurinhas: Banca do Flávio, em São Gonçalo; Banca de Icaraí, em Niterói; Banca do Japonês, em Vitória – ES; o Botafogo Praia Shopping; e a Feira do Bosque da Saúde, em São Paulo. A curiosidade do estudo de Camila, é o fato dela estudar o fato das meninas e as milheres terem uma habilidade de trocar figurinhas com uma eficácia digna de ser analisada “Notam-se ainda algumas poucas meninas, entre cinco e 15 anos, colecionando o livro da Copa do Mundo, além de mulheres entre os 20 e 30 anos, que são mães, tias e avós acompanhando crianças e companheiros na troca de figurinhas. Fato curioso observado é a facilidade das mulheres em negociar a troca dos cromos” (PEREIRA, 2014, P. 6);

No artigo e na entrevista, vale lembrar o questionamento da renda extra dos colecionadores, trocando e vendendo figurinhas. Nas vendas, figurinhas valiosas, como a do Neymar, poderiam ser vendidas até por R$ 4,00:

Numa banca de bairro residencial, diferente daquelas situadas em centros comerciais, foi possível identificar duas pessoas que transformam a troca de figurinhas em negócio e organizam fichários com muitos exemplares de um mesmo número para vender e trocar. Vendem por valores entre R$ 0,30 e R$ 4,00. Essas pessoas, moradoras do bairro, afirmaram que durante a semana fazem negócio em outros locais. (PEREIRA,2014, P. 6)

Além da moda antiga prevalecer, na contagem das figurinhas repetidas, ela ressalta também o modo de fazer a coleção via aplicativo, o Panini Collectors, conseguindo digitalizar as figurinhas que já colou no álbum e podendo contabilizar as figurinhas que faltam no álbum “ Na Banca do Flávio aos domingos utilizam o aplicativo oficial da Editora Panini (Foto), embora se observe que a maioria traz sua listinha para facilitar no processo de troca dos cromos” (PEREIRA, 2014, P. 6)A utilização do Panini Collectors, existe o conceito de tirar a foto da figurinha e marcar as pessoas nas redes sociais para divulgar a figurinha que conseguiu, porém não obteve muitos elogios ou muitos colecionadores, em seu estudo, utilizando esse aplicativo “Eu usei o aplicativo e gostava deste. Porém o método de escanear com a câmera não funcionava e fazia minhas marcações uma a uma. Achei a ideia do compartilhamento permitida a partir do aplicativo genial, embora tenha notado poucas pessoas utilizando”.(PEREIRA, 2014).

Na observação de Camila, através dos seus estudos feitos para a Intercom, o álbum virtual só pode ter o incentivo, através dos pins codes, ou seja, nas figurinhas especiais, colocados no verso o código virtual. Sobre o futuro das coleções, ela acredita na negociação da troca das figurinhas sendo o ato crucial da coleção do produto Editorial da Panini, criando relacionamento face a face, quebrando o paradigma de que o virtual vai tomar conta do álbum físico, tirando o método de compra das figurinhas nas bancas, somente pelo virtual, na internet “As pessoas gostam de guardar recordações, de ter uma lembrança do evento, ainda mais quando realizado no Brasil. Veja os números e valores de álbuns das outras edições de Copas do Mundo vendidos no mercado livre. São muitos e caros. Isso acontece porque existe demanda. Além do mais, essa perspectiva de que os relacionamentos são hoje virtuais cai por terra no ato de trocar figurinhas. A interação face a face, o contato é fundamental para o colecionador. Até porque você precisa encontrar a pessoa para pegar a figurinha que necessita, precisa negociar a troca”

Para concluir a participação na Intercom 2014, em Foz do Iguaçu, Camila destaca os estudos feitos e um pensamento de Sennet, no livro Carne e Pedra, 2003, Editora Record, para usar como objeto de comparação aos seus estudos sobre a Copa: “Dessa forma, a pesquisa demonstra mais uma oportunidade de estudo a partir do evento Copa do Mundo no Brasil. Refletir sobre relações interpessoais, troca comunicativa no local e reunião de pessoas em prol de uma atividade de lazer leva-se a questionar o individualismo de Sennett, ainda que em “cidades multiculturais” durante o evento esportivo. Por fim, são esses os pontos de contato entre “povos, racial, étnica e sexualmente diferentes, que podem frear as forças do individualismo” (SENNETT, 2003: p. 215) em uma comunidade, como apontado pelo autor.”

3.3.3: O consumidor pelo olhar do Marketing da Editora Panini

Para este subcapítulo, obtive as informações na Sede da Editora Panini, entrevistando o Gerente de Marketing da Panini do Brasil, Marcelo Silva, na sala de reuniões da Editora Panini, em Barueri-SP.

Enquanto os subcapítulos anteriores reclamam ou tem medo do virtual, Marcelo tranquiliza logo na primeira pergunta, relacionada a Convergência do real para o virtual nas coleções da Panini:


O virtual é um complemento do real. Como a Panini pode trabalhar o virtual sem o álbum físico, o produto principal? Estimulando através dos códigos virtuais, dentro dos pacotinhos de figurinhas físicas, reais. O estímulo é a cereja do bolo, mas o bolo sempre será o álbum real, e a cereja do bolo o virtual. (SILVA, 2014)

Desde 2010, como resultados expressivos do Torcida Panini e do álbum virtual da Copa do Mundo da África do Sul 2010, Marcelo destacou a lucratividade logo na primeira edição do álbum virtual, em interdependência com o álbum físico, que naquela edição, tinha o selo de 50 anos da Editora Panini “A adaptação, desde a parceria com o site do Canal de esportes da Globosat SPORTV, leva ao colecionador a acessar o álbum virtual e as informações do seu clube, num mesmo portal, obtendo um ganho interessante para a Editora e para o portal de esportes”.

O destaque fica para campanha Sorrisos Repetidos (Foto) uma campanha que a protetora de animais Andréia Freitas de São Paulo-SP, teve de a cada álbum completado, as figurinhas fossem doadas para crianças carentes de orfanatos e de rua, trazendo sorrisos a essas crianças e o destaque do Marcelo e m não fazer parte da iniciativa dela, mas apenas contemplar a colecionadora com a camisa do Thiago Silva, parabenizando pela iniciativa e dando foco ao papel mágico das figurinhas em contagiar uma paixão, vendendo papel com informações do esporte mais popular do mundo, o futebol “A Panini não participou da Campanha”, ressalta Marcelo.

A observação dos postos de troca das figurinhas e dos encontros feitos em São Paulo, com a participação da Editora, colocou no desenvolvimento do Marketing da Panini a volta do bafo. O método de conseguir figurinhas através de bolos de cromos colocados em mesas ou no chão para adquirir os cromos com a mão, com o conceito de virar a foto do jogador para cima, veio ao Marketing fundar a Confederação brasileira de Bafo, a noiva campanha da Torcida Panini: “ O contato um com o outro, que é a proposta da editora de colecionáveis, vem a dar uma fuga do virtual, até mesmo para reafirmar a proposta da Editora com as suas coleções, fazendo novas amizades e compartilhando a sua paixão, através das figurinhas.”, resume Marcelo.

O álbum virtual, o Panini Collectors e o novo produto do campeonato Brasileiro, o XL Adrenalyn, foram tudo frutos da lucratividade que obtiveram com os álbuns, aplicativo e cards da Copa do mundo, pegando carona nas oportunidades de negócios que o setor de colecionáveis pode proporcionar de lucro, no sentido do colecionador optar pelos dois e continuar dando ênfase as relações pessoais físicas, na vida real, o contato um como outro, através do físico e do virtual, segundo Marcelo:

O Álbum Virtual é o diferencial para a coleção, juntamente com o Aplicativo panini Collectors. o adolescente, que é o público a ser atingido compra o físico, propondo a socialização dele com outros jovens com o mesmo círculo de interesse e falar sobre futebol, as coleções, se teve alguma diferença das edições anteriores e as novidades que eles veem nos posts do Torcida Panini. (SILVA, 2014)

Sobre as visualizações nas redes sociais da Torcida Panini (foto) e no site da Torcida Panini, Marcelo enfatizou o quanto tem conseguido um retorno através das mídias sociais e a lucratividade que tem através das visualizações das postagens dos álbuns de futebol.

Analisando os dados da Copa de 2010, Marcelo enviou os dados via e-mail, para contribuir para a riqueza de fatos que o virtual traz ao álbum físico, o real “No álbum virtual de figurinhas da Copa do Mundo 2010 FIFA, atingimos cerca de 2,1 bilhões de page views sendo mais de 40% originados no Brasil.”, afirma o publicitário.

            No site da Torcida Panini e nas redes sociais, os dados foram enviados atualizados, por Marcelo, para concatenar a cada momento o quanto é importante a empresa ter um contato direto com o seu público, gerando visualizações e obtendo trocas de informações sobre a repercussão dos produtos voltados a Editora Panini “ No site www.torcidapanini.com.br, obtivemos a Média Diária: de 40590 mil de usuários, além das visitas diárias de 13.050 usuários e membros cadastrados no site, em torno de 50.586 colecionadores. Nas redes sociais Twitter /Orkut/Facebook /Youtube/ Google Plusatravés do moderadornaweb, obtivemos como resultadosresultados

15milhões de pessoasinteragiramcom o álbum e em conteúdos2,2 milhõesemminiblogs.”, divulga Marcelo.

 Sobre a questão de não obter a versão virtual do álbum do campeonato brasileiro 2014, Marcelo respondeu tranquilamente e citou a Copa como fator crucial para não fazer a versão virtual da coleção brasileira:

Essa questão é bem simples de responder. Obtivmos cerca de aproximadamente 4 milhões de acessos de todo o mundo, sempre com uma participação representativa dos coleccionadores brasileiros.Da mesma forma que lançamos o álbum virtual somente após um ano da Copa de 2010, esperamos mais um ano para voltar com a versão virtual do Campeonato Brasileiro. O XL Adrenalyn do Campeonato Brasileiro vem como o produto virtual, logo na semana que vem (até 28/11) e o Panini Collectors vem como o Aplicativo que está entre os quatro mais baixados no Apple Store. (SILVA, 2014);

Imagem cedida pelo Gerente de Marketing da Panini, Marcelo Silva* (26/11/2014)

Com relação ao novo produto, o XL Adrenalyn do Campeonato Brasileiro, Marcelo fala sobre a facilidade de aceitação do colecionador brasileiro aos cards e o público alvo desse produto “ O card não é uma figurinha. A interatividade é o foco da Panini para fomentar o público no Brasil, através do novo produto, o XL Adrenalyn do Campeonato Brasileiro, trazendo ao nosso foco o público infanto-juvenil, para trabalhar esse público, a geração Y, para colecionar o físico e interagir com o virtual, pois domina todos os meios desde pequeno, pois já nasceu num mundo conectado as redes e aos métodos de interagir através do virtual.” Conceitua Marcelo.

Para concluir a entrevista, Marcelo respondeu sobre a pergunta do TCC: Houve a Adaptação do colecionador ás novas tecnologias de comunicação? A resposta é positiva:

Houve a adaptação sim. Os dados desde a parceria com a SPORTV foram sempre além do esperado e aproveitamos bastante a parceria com o site de TV a cabo. Os números de audiência subiam através das curtidas, pois a cada postagem, dependendo do desempenho do time na rodada, a audiência sobe, se o assunto for sobre um time que está ganhando ou um novo produto da Panini. A ideia é manter o Torcida Panini como um QG dos colecionáveis de futebol. (SILVA, 2014).

          www.facebook.com/Torcida Panini/Likes, (acesso em 23/11/2014)

Avaliando a página do Facebook da Torcida Panini, no setor de Curtidas, 2.108 pessoas falaram sobre o Torcida Panini, no período de 15/11 a 21/11 de 2014, as curtidas estão por volta de 425.112 likes e durante o período de 15 a 21 de novembro de 2014, a Fan Page obteve 947 novas curtidas. As curtidas tem muito a ver com as novidades como a Confederação Brasileira de Bafo, as rodadas finais do Campeonato Brasileiro 2014 e o término da rodada de grupos da UEFA Champions League.

 CONSIDERAÇÕES

Na era das novas tecnologias de comunicação, as coleções vão se tornando um método de Marketing de colocar código no pacotinho de figurinhas, para conseguir atrair o público infanto-juvenil para colecionar mais o físico, para obter mais códigos para acessar o álbum virtual, renovando o método de colecionar e dando mais um produto para satisfazer.

Desde a pedra lascada, até as figurinhas, a curiosidade e saber a história do objeto colecionado. A pesquisa de campo foi justamente para saber como funciona o Para o Jornalismo, a questão é justamente o fator social, ou seja, a confraternização através do esporte bretão e as formas de analisar um álbum de figurinha, com o anexo da reportagem com o Jornalista Marcelo Duarte. Através das figurinhas, podemos perceber quando o Cristiano Ronaldo começou a carreira e como está hoje, graças a imagem, que vale mais do que mil palavras.

Com a contribuição do futebol para a sociedade, percebemos no anexo de Helal, o quanto as novas tecnologias podem agregar aos clubes, como fonte geradora de assuntos relacionados a marca do clube, ou seja, a exploração da marca como objeto de marketing, através das mídias sociais para gerar receita financeira e chamar novos sócios para os clubes em questão.

Além disso, a facilidade das mídias de pequeno porte em estar transmitindo campeonatos de porte menor e contribuir para revelar jóias preciosas, para serem lapidadas na Europa, sem passar por nenhum clube grande e os álbuns de figurinhas da Champions League confirmam, a cada edição, jogadores brasileiros naturalizados croatas, ucranianos, portugueses, que não passaram por nenhum clube grande do Brasil.

Os fenômenos de colecionadores, desde chaveiros, até ingressos de jogos já frequentados, para Helal, apenas ressalta a individualidade de cada colecionador, independente de torcer no estádio, em casa, no carro, ouvindo rádio, ou no cinema recebendo SMS do jogo do time de coração, com as informações da partida.

Os artigos com o colecionador Carlos Moreira e família, a professora Camila Augusta Pereira e o Gerente de Marketing da Panini, Marcelo Silva, mostra o quanto a Panini pode explorar o físico, ou seja, o produto real, desde coleções de álbuns antigos, reeditando campeonatos estaduais, explorando a impressão de álbuns já feitos e fazer aplicativos para cada jogador da coleção. Pode também calcular todos os dados que o jogador obteve e cada jogo, desde o início da sua carreira e contribuir para a formação do esporte, detalhando cada talento que revela através das coleções, no processo que tem de imprimir o álbum da Copa do clube São Paulo F. C., como um produto diferenciado, no ciclo de vida de produtos, sendo vendido apenas na loja do clube paulista.

Os processos de Maslow, com a pirâmide invertida e os métodos de Freud, podem ser mais exploradas para obter audiência com o XL Adrenalyn do Campeonato Brasileiro, com o Panini Collectors, utilizando o modo de redes relacionadas ao app via WhatsApp, por exemplo, obtendo mais um canal de comunicação da Editora Panini para filtrar as necessidades do seu público alvo e agregando mais informações aos seus colecionadores assíduos.

As impressões do álbum do Campeonato Brasileiro tem sido de qualidade inferior no que diz respeito a impressão. Alguns álbuns aparecem com imagens com sombras e borradas, deixando o consumidor insatisfeito com o produto e recebendo mais críticas sobre a sua produção.

A dependência da audiência do Facebook, com a Fan Page da Torcida Panini, poderia ser mais explorada pelo ângulo de SAC (Serviço de Atendimento ao Cliente). Com as votações e perguntas feitas ao consumidor que acessa a Fan Page, sendo uma ouvidoria da qualidade da matéria prima que tem sido colocada nos pontos de venda e fazer um controle de qualidade mais aguçado para as impressões de figurinhas que saem borradas ou em preto e branco, na realidade são coloridas e analisar todas as reclamações para melhorar a sua qualidade de produção e traduzir isso em lucratividade e satisfação dos colecionadores exigentes por produtos de qualidade.

Dentro da realidade do virtual ser a cereja do bolo das coleções, por que não fazer uma edição virtual onde os jogadores possam falar e contar para o colecionador do virtual as informações da figurinha, principalmente para os colecionadores com deficiência visual, também com a acessibilidade em questão, para a sociedade que vivemos atualmente. Anexar n figurinha virtual, vídeos com os gols dos jogadores e as fotos de edições anteriores do jogador no mesmo clube ou na seleção onde defende a sua pátria.

Mas a principal conclusão mesmo é que nunca acabará o álbum real. Pois a relação pessoal e a socialização com o outro será sempre a identidade das coleções de figurinhas. A troca de um papel com o outro, com as marcas das digitais do outro, servem para repensar a vida que vivemos, sem parar para se entreter, voltar a infância e lembrar de histórias de quando jogava bafo, trocava figurinhas com os amigos da escola, do trabalho, enfim, com a sociedade em que vive em geral.

As matérias jornalísticas voltadas para as publicações da Panini, principalmente da Copa do Mundo, são mais de criticar a empresa por deixar de lado jogadores que foram convocados e não estão na coleção, vide Robinho na Copa 2014 e Ronaldinho Gaúcho, no álbum de 2010. Tem o ângulo surpreendente do lado econômico das figurinhas, ou seja, dando ênfase a inflação que a coleção de 2010 sofreu com a coleção de 2014, sofrendo um reajuste nos valores do álbum e do valor dos pacotinhos de figurinhas.

Para concluir, a popularidade da Panini no mundo é algo surpreendente, dês de 1961, no mercado de colecionáveis, sendo líder mundial de produtos colecionáveis, estando presente em mais de 110 países. A paixão pelo futebol, pela Copa do Mundo, Pela Liga dos Campeões da Europa, pelo Campeonato Italiano (Sua primeira publicação no futebol), Campeonato Brasileiro ( Desde 1977), desde as figurinhas que relembram ídolos dos clubes, com publicações especiais de Centenário dos Clubes brasileiros, como os 100 anos do Santos Futebol Clube e os100 anos do Santa Cruz-PE, os super Craques da Europa, o Brasil de Todas as Copas e os cards do XL Adrenalyn dos melhores campeonatos de futebol do mundo. processo de fabricação das figurinhas, desde a impressão, até o envio das figurinhas repetidas via carta para os colecionadores que precisam de cormos para completar as suas coleções.

Analisar as redes sociais da Panini, com postagens relacionadas as coleções, ressaltam o quanto a Geração Y, que é curiosa pelos megaevento como a Copa do Mundo e torcem cada vez mais para clubes da Europa, vide o sucesso da Liga dos Campeões da Europa, com esse público em expansão concomitante e cada vez maior, devido a quantidade de jogadores brasileiros que jogam na Europa.

Compreender a história, desde as primeiras coleções, até mesmo o que aquele objeto representa para a sociedade, como foi ressaltado por Guaral, pois o efeito é de congelar um instante da vida que já aconteceu e guarda na memória um fato que traz na lembrança a cada momento que vê aquele objeto.

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http://www.panini.com/maps, (Acesso em 26/11/2014);

http://www.torcidapanini/albumdobrasileirao, (Acesso em 13/11/2013);

http://sportv.globo.com/site/noticia/2011/08/album-de-figurinhas-do-brasileirao-2011-ganha-versao-virtual.html (Acesso em 13/11/2014);

http://www.facebook.com/TorcidaPanini/Likes, (Acesso em 23/11/2014);

http://www.fifa.com/worldcup/games/sticker-album/index.html, ( em13/11/2014);

*(Tradução de Foto): O App tem apresentadouma grande aceitação por parte do customers do Brasil representa mais de 50% de desconto total de usuáriosde aplicativos.Nossa estimativa é de ultrapassar os 750k de usuários.


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