segunda-feira, 14 de novembro de 2022

A Copa do Mundo com mais índices de lesões de todos os tempos será do Catar 2022

Segundo especialistas, o maior índice de lesões será durante a Copa do Mundo disputada até 18 de dezembro

    Foto: Getty Images

Lesões graves podem tirar atletas da Copa do Mundo do Catar 2022

A Copa do Mundo do Catar começa mês e há uma semana a escalação brasileira foi revelada. Essa seleção levantou algumas questões, como a da convocação de Daniel Alves, que, aos 39 anos, tornou-se o jogador mais velho que irá defender a seleção brasileira em uma Copa. A questão da saúde desses jogadores, especialmente por estarem vulneráveis a graves lesões por conta do esporte de alto rendimento, é muito importante. Philippe Coutinho, por exemplo, teve lesão muscular e sua recuperação, que deve durar seis semanas, não permitiu que participasse da Copa, que começa já no próximo domingo.

Tiago Lazzaretti Fernandes – Foto: Reprodução/Fapesp

“Essa indecisão se ele vai poder jogar ou não faz com que o técnico e a comissão tenham que pensar em outros nomes. Infelizmente isso é uma realidade, os jogadores sabem disso”, explica Tiago Lazzaretti Fernandes, ortopedista e médico do Esporte do Instituto de Ortopedia e Traumatologia (IOT) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, considerado centro de excelência médica da Fifa. Ele lembra que o departamento médico é importante para definir e avaliar quem entra e quem não entra nos jogos.

Outra polêmica foi a decisão de incluir Daniel Alves, que já se lesionou – e foi operado – e é considerado de idade avançada para a modalidade. A comissão técnica afirma que ele está recuperado e apto a jogar o torneio. Porém, ainda sobram dúvidas sobre o que a idade e as lesões podem significar a um jogador de futebol. 

“Um jogador que tem mais idade funciona igual. O joelho é o mesmo do atleta [e de uma pessoa comum]. A anatomia, a fisiologia, tudo funciona igual. O que acontece é: esses jogadores são submetidos a um estresse maior, ao alto rendimento”, diz o ortopedista. Isso tem consequências: quem pratica esportes de alto rendimento e impacto tem desgaste maior nas articulações, no tornozelo, que levam a dores e lesões, por vezes incapacitantes. Por exemplo, quando o ligamento cruzado anterior é rompido, o joelho sai do lugar e não dá mais para jogar.

As lesões mais comuns entre jogadores são as musculares e as torções no tornozelo. O pé e o quadril, assim como toda a parte inferior estão mais suscetíveis a esses contratempos. O tratamento é não operatório e inclui fisioterapia, fortalecimento e o retorno progressivo ao esporte.

 

Recuperação

O médico lembra que a recuperação depende do tipo de lesão e que, mesmo sendo atletas, o corpo tem um tempo que deve ser respeitado e acompanhado por profissionais aptos. 

Um atleta de alto rendimento, neste caso os jogadores de futebol, tem fisioterapeuta disponível 24h por dia, com três sessões ou mais por dia. Isso agiliza o tempo de recuperação e abrevia o tempo de afastamento dos campos. 

 

Lesões

O corpo de um atleta, ou o de qualquer outra pessoa que pratica esportes, aguenta cerca de duas vezes o seu próprio peso em seu joelho. Ao correr, esse peso duplica e, saltando, pode chegar a até sete vezes o peso. 

Esse alto impacto faz com que a cartilagem seja muito mais solicitada, o que causa um maior desgaste. Além do estímulo ambiental (fatores externos), pode haver também a influência da genética. Existem pessoas que têm predisposição a desenvolver alguma doença. “Essa genética pode, sim, ao longo do tempo, causar um desgaste maior do que é o previsto. A pessoa fica sintomática”, explica.

Fernandes dá o exemplo de dois grandes nomes do esporte, Pelé (futebol) e Guga (tênis), que sofreram lesões durante o tempo em que estavam ativos e que, mesmo depois da aposentadoria, tiveram que continuar o tratamento.

 

Prevenção

Não é conhecimento novo o fato de que esportes de alto rendimento podem, por vezes, aumentar o número de lesões. Mesmo assim, “é altamente recomendado que todos pratiquem atividade física regularmente”, diz o médico. Adverte que não adianta praticar o esporte por um mês e depois parar, e sim que deve haver uma recorrência.

Para uma pessoa comum, um esporte de alto rendimento seria caminhar até ficar ofegante. É necessário estimular as pessoas para que pratiquem esportes, reitera Fernandes. Mas sem exageros: “Se a pessoa tem um antecedente familiar, pai e mãe, alguém com problema do coração ou alguma doença, é recomendado que procure um médico. Pode ser um médico de esporte, ortopedista ou cardiologista para se fazer essa avaliação inicial e, aí sim, poder praticar atividade com segurança”.

Mesmo que a atividade de moderada a alto rendimento traga maiores benefícios, para pessoas não habituadas ou que não são profissionais da área, a atividade física de baixa intensidade já está boa. 

Opinião por Artur Rangel

O futebol de alta performance mostra a cada dia o quanto precisa estar próximo da perfeição física, muscular e de índice de massa corpórea para executar da melhor forma a prática do esporte. No futebol não é diferente, pois a Copa do Mundo do Catar terá uma data totalmente diferente, devido a temperatura que faz no deserto do Oriente Médio no meio do ano, foram os fatores fundamentais de ocorrer de 20 de novembro até 18 de dezembro a competição mais vista de 4 em 4 anos. 

O Adenor Bachi conhece o risco que corre e teve algumas baixas antes da convocação final, feita no último dia 7 de novembro. Atualmente, Marquinhos, Lucas Paquetá, Anthony e Richarlyson chegaram com níveis de lesões diferentes, porém, não preocupam a equipe médica e física chefiada pelo Dr Rodrigo Lasmar e pelo Fábio Mahsererjian, respectivamente. 

E outras seleções, inclusive a atual campeã a França, tiveram baixas importantes antes da competição. Nomes como Kanté, Pogba e Kimpembé são desfalques do Didier Deschamps.

A última copa conquistada pelo Brasil, no Japão e na Coréia, o volante Emerson se contundiu no último treino antes da estreia contra a Turquia. Para o seu lugar foi chamado Ricardinho, dando chance para Kleberson e Gilberto Silva e pouco entraram Vampeta e Ricardinho, jogadores mais rodados e experientes naquela copa de 20 anos atrás.

Em 94, Ricardo Rocha e Ricardo Gomes foram desfalques importantes para Parreira. Ronaldão foi chamado para o lugar de Gomes que hoje faz parte da comissão de olheiros de Tite dos jogos de possíveis adversários no Catar. Márcio Santos e Aldair fizeram uma dupla muito boa com Dunga e Mauro Silva na contenção. 

Mas o que esperar dos possíveis cortes de Tite? Anthony não joga desde o fim de outubro com lesão muscular e Marquinhos não jogou a última partida do PSG antes de apresentar a seleção em Turim. Daniel Alves treinou no Barcelona B, pois o Pumas não joga mais em 2022. Nos próximos dias, até a estreia contra a Sérvia, teremos algumas situações não só na seleção brasileira, mas em outras seleções que chegam com jogadores disputando competições intensas nacionais e continentais, podendo causar mais cortes importantes, por muitas causas, que ocorrem nesta primeira Copa do Mundo no final de ano. 

Fonte: Jornal da USP: https://jornal.usp.br/radio-usp/atletas-de-alto-rendimento-estao-mais-suscetiveis-a-lesoes-corporais/

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