Por Artur Rangel
Natália participou do Tá em Jogo, na Rádio Cabo Frio Foto: Thiago Dias |
Natália Hofmann, Prof.ª de educação física, mãe do Nathan, Proprietária da Hofmann Sports e ultramaratonista. Assim o perfil do Facebook da atleta se encontra com várias fotos, eventos esportivos, reuniões do Conselho Municipal do Esporte e representante da ARCOLAGOS, junto com o Teixeirinha (José Teixeira da Silva, Presidente da ARCOLAGOS). A ultramaratona está dentro e fora das competições. Em entrevista ao Tá em Jogo, na última quinta feira(5/10) conversou sobre os rumos do esporte e sua trajetória no esporte.
Com a experiência de participar do revezamento da tocha olímpica dos Jogos Rio 2016, falou da prisão de Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, devido a troca de votos para os Jogos Olímpicos:
" Mais uma vergonha para o nosso país. No esporte que nos trás tanta alegria, acontecendo isso. Ter um legado esportivo com a Copa do Mundo e as Olimpíadas para o Brasil, para as crianças e jovens que praticam esporte. Utilizar as instalações dos jogos, para desenvolver o esporte olímpico do país. Para o bem dos jovens do nosso país e conquistar melhores resultados para o esporte brasileiro, nas próximas olimpíadas vindouras. Isso é um absurdo o que está acontecendo, mas é bom para limpar as pessoas que estão fazendo tudo de errado com o nosso esporte e começar uma nova era, com pessoas dedicadas as Confederações esportivas do nosso país, que querem o bem de todos os esportistas de toda a nação. É uma pena está acontecendo essas prisões e estar colocando o nosso esporte em evidência nos noticiários do mundo todo, mas é necessário, para o bem do nosso país e do esporte e as gerações futuras." - Desabafou Natália.
Sobre o Conselho Municipal do Esporte, Natália ressaltou as diretrizes para o conselho cabofriense e as mudanças relevantes feitas na última segunda feira, ainda com o secretário de esportes Eliseu Pombo, comandando a pasta (Átila Mota assumiu dois dias depois o lugar de Eliseu):
" Eu participo do Conselho e da ARCOLAGOS ( Associação dos Corredores e Atletas da Região dos Lagos), sou diretora executiva, de 2016 a 2020. Nós estamos muito confiantes no Conselho para fiscalizar, para colaborar, pois o esporte de Cabo Frio e os seus gestores precisam muito desse impulso. Tem muitos talentos no Atletismo, na Canoa Havaiana, Futsal, Futebol, Basquetebol,Volei, Volei de Praia, Handebol, Judô, Taekwondô. A nossa cidade é rica em atletas que precisa ser olhados com carinho pelo Conselho, que está ativo. ele estava inativo, desde o governo passado e agora, nós estamos voltando com a força total, para dar um novo rumo no esporte cabofriense."- Resumiu Hofmann.
Sobre a ultramaratona, a corredora cabofriense contou um pouco sobre a sua rotina e como consegue conciliar as aulas de Educação física e as competições:
" Ser ultramaratonista é o próximo passa para quem já ganhou algumas maratonas. Minha ultramaratona foi em março, fiz a minha competição. Treinei nos últimos três meses, a competição foi em Macaé, em seis horas de competições, com trajeto e resistência física tensas. Mas foi com muita dedicação e esforço que abri mão de muitas coisas. Abri mão de noitadas, de alimentação, de comer um docinho, um chocolate, abrir mão de muita coisa para se dedicar para ser uma ultramaratonista."- Explicou a atleta.
Natália no revezamento da tocha jogos Rio 2016 Foto: divulgação |
Sobre a experiência de fazer parte do revezamento da tocha olímpica, a ultramaratonista relatou como foi estar representando Cabo Frio no ano passado, no revezamento da tocha:
" Foi um momento único, mágico e inesquecível para mim. Desde pequena eu brinco que sempre assistia o revezamento na televisão e ficava ansiosa para ver o evento. Pegava uma vassoura e levantava como se fosse a tocha. Nunca poderia pensar que isso poderia acontecer de verdade comigo e aconteceu esse momento inesquecível mesmo. A tocha está guardada comigo e vai ficar para sempre nas outras gerações da minha família." - destacou, com a voz bastante emocionada, a diretora da ARCOLAGOS.
Sobre a sua caminhada pela Região dos Lagos, Hofmann destaca um pouco do desenvolvimento da ARCOLAGOS e da evolução do esporte, tanto no atletismo, na maratona, no triathlon, biathlon e na ultramaratona:
" Nós temos excelentes atletas na região, principalmente em Cabo Frio. mas o que falta realmente é um incentivo, tanto da parte privada, dos empresários. Como também, do governo, pois o atleta precisa muito de um incentivo para a alimentação, para as viagens, para a inscrição de competições,que é super importante. O que a gente precisa mesmo é de incentivo nessa parte, pois ainda se encontra muito precário. Cabo Frio está cheio de bons atletas, com toda a dificuldade que nós passamos, com acrise que acontece no país todo, os atletas vão buscar, vão atrás, tirando do nosso bolso para se inscrever em competições. è amor ao esporte mesmo."- Destacou a esportista cabofriense.
Após a chegada, no 7º desafio 28 praias Costa Norte foto: Facebook pessoal |
No último desafio, Natália participou da ultramaratona em Ubatuba-SP, o 7º desafio 28 praias Costa Norte e relatou as dificuldades da competição, onde trouxe mais uma medalha na bagagem;
" Foi a mais difícil da minha vida. O percurso foi bem puxado, tinha rios, areia fofa, apesar de treinar muito em areia fofa em Cabo Frio. Nós somos privilegiados com as nossas praias e dunas. as trilhas muito desafiadoras e fiquei entre as 10 primeiras e em 3º lugar na minha faixa etária, com 42 km de competição." - Concatenou a ultramaratonista.
Fique sabendo: Ultramaratona
É qualquer corrida a pé com distância superior à da maratona, 42.195 m. Apesar de praticada em muitos países e contar com uma associação internacional, a modalidade não tem regras específicas. Cada ultra, como é chamada, determina sua própria distância – as mais comuns são de 50 km e 100 km. Os pisos percorridos também variam bastante. Pode ser asfalto, terra, trilha ou tudo isso e mais um pouco. Na maioria das provas, o cronômetro é contínuo da largada à chegada, ou seja, a corrida não para. Em outras, o atleta cobre um trecho por dia. Há também competições contra o relógio: o vencedor é quem fizer a maior distância em um determinado tempo.
Atletas itinerantes
As provas podem superar com folga 30 horas de duração, então cada atleta leva uma minicasa consigo: comida, água e medicamentos são fundamentais. Em algumas competições, tudo isso deve caber em uma mochila nas costas. Em outras, uma equipe de apoio o acompanha em um carro. É normal ver os assistentes correrem ao lado do corredor, cuidando da sua condição física
Não é pra qualquer um
Há uma série de restrições para participar de uma ultramaratona. Primeiro, é preciso estar em dia com o corpo e apresentar uma série de exames médicos. Segundo, é necessário ser convidado pela direção da prova ou, para os menos experientes, entregar um currículo esportivo que prove a capacidade de concluir o percurso
Endorfina!
O desgaste é extremo, mas nem sempre é preciso ser um superatleta para completar uma ultra. A maioria dos competidores está na faixa dos 40 anos. Muitos dos atletas participavam, anteriormente, de grandes peregrinações. Tem também o fator felicidade, comum entre corredores em geral. A liberação do hormônio endorfina durante a corrida dá a sensação de euforia, levando a pessoa a seguir em frente
Não é pra qualquer um mesmo!
Sem grana não se vai a lugar algum. Os gastos já começam com a preparação física meses antes da corrida. Coloque na conta os custos com passagens aéreas e hospedagem no local da prova para o atleta e toda a equipe, além da taxa de inscrição, que não costuma ser barata. Para complicar, a maioria das provas não oferece prêmios em dinheiro
Pedras no caminho
No calor intenso, os atletas sofrem com tonturas, desidratação e alucinações. A fadiga pode provocar náuseas e vômitos, além de câimbras e lesões musculares. Sem falar nas bolhas de sangue nos pés, que em algum momento infernizarão a vida dos corredores. E ainda há a variação de temperatura, pois há períodos de corrida intensa no calor e de descanso no frio da noite. Ou seja, os competidores podem sofrer hipotermia
Corridas malucas
Algumas das ultras mais puxadas do mundo
Badwater135
ONDE – Parque Vale da Morte, EUA
TIPO – 217 km contínuos, com equipe
Considerada a mais difícil do mundo, ela liga o ponto mais baixo da América do Norte (86 m abaixo do nível do mar) até a base de uma montanha, a 2.530 m. Isso em uma região desértica, a até 50 ºC. É tanto calor que às vezes é preciso correr sobre a faixa branca do asfalto para que a sola do tênis não derreta!
BR135+
ONDE – Caminho da Fé, divisa SP-MG
TIPO – 217 ou 257 km contínuos, com equipe
O famoso percurso dos romeiros recebe a principal ultramaratona brasileira, que classifica para a Badwater. No calor de janeiro, o atleta corre em estrada de chão, num sobe e desce contínuo. Para piorar, o sol de rachar pode dar lugar a temporais e granizo. Em média, 60% conseguem completar a prova
6633 Arctic Ultra
ONDE – Círculo Polar Ártico, Canadá
TIPO – 193 ou 563 km contínuos
A temperatura chega a -30 ºC, não há equipe de apoio e os atletas carregam comida, água e saco de dormir em um trenó, por oito dias. Há quem a considere mais radical que a Badwater. Só 11 pessoas terminaram o maior percurso da prova, cuja inscrição custa R$ 15.500
Maratona das Areias
ONDE – Deserto do Saara, Marrocos
TIPO – 250 km em 6 estágios
Mesmo com três mortes já registradas, todo ano mais de mil atletas pagam R$ 19.400 para correr pelas trilhas do Saara. Dividida em estágios cronometrados, os participantes carregam a própria comida e um kit de sobrevivência. A água é fracionada e só pode ser obtida nos postos de controle
Spartathlon
ONDE – De Atenas a Esparta, Grécia
TIPO – 246 km contínuos
Prova que mistura asfalto, trilhas e montanhas. Ela se destaca por ter 75 postos de controle. Além de disponibilizar água e comida, eles estabelecem um tempo de corte. Os participantes precisam vencer cada trecho dentro do limite. Senão, são desclassificados.
Fontes: Sites Darbaroud, Spartathlon, 6633Ultra, Badwater, Brazil135, Outside Online, Runners World, Running Competitor e Ultramarathon Running; documentário Running for Life: Badwater Ultra Marathon Race 2014
Para suportar esses pisos irregulares, o relato de Natália aborda um pouco mais sobre a sua rotina como professora de educação física:
" Como eu sou professora de educação física, eu monto a minha planilha de treinos, que é muito importante o corredor profissional e até mesmo o amador, fazer uma planilha de treino, procurar um profissional de educação física, para evitar lesões. eu faço fortalecimento muscular , na academia que me patrocina, a Body Club, em Cabo Frio, que me ajuda muito a evitar lesões. Tem a parte nutricional, que ajuda muito, tudo que ajuda para evitar uma lesão grave. A corrida de trilha, chamada de Trail Run, é menos agressiva do que a corrida de asfalto, apesar de ter mais horas e distâncias de percorrer, sempre tem uma cadência. Faz uma parte na areia fofa, faz uma parte na trilha, não é tão agressivo para a musculatura, nem é para as articulações, como o asfalto, por exemplo. Por isso, revezo com uma competição no asfalto, faço uma corrida de trilha, assim eu evito as lesões."- sintetiza a profissional de educação física.
Sobre a sua profissão, Natália relatou como funciona a rotina de treinamentos pra as mulheres que são adeptas da corrida:
" Meu trabalho sempre foi com treinamento de mulheres, nada contra os homens, mas o meu público alvo há 5 anos são as meninas. Minha intenção é de incentivar e de motivar, para sair do sedentarismo, sair do sofá, mexer o corpo. Começar um novo estilo de vida, com atividades ao ar livre, sempre é um prazer se exercitar, sentir todo o resultado. tem uma aluna minha, por exemplo, a Adriana Bondim, que em menos de três meses de corrida, ela emagreceu bastante, está super ativa, super disposta para trabalhar, para a família, para a casa. Então, essas coisas são muito importantes, que o esporte proporciona e a atividade trás para as pessoas também." - Dissecou Hofmann.
Teixeirinha ao lado da Natália e associados da ARCOLAGOS Foto: Facebook |
Sobre a sua direção da ARCOLAGOS, a atleta, professora de educação física e ultramaratonista Natália Hofmann resumiu as suas funções e como anda a associação:
" A ARCOLAGOS abrange toda a região dos lagos, mas a nossa sede é em cabo frio, no Complexo Esportivo Aracy Machado. Faço o convite para quem quer conhecer a nossa sede e ver de perto o nosso trabalho, temos treinos terças e quintas, a partir das 7 horas da manhã, com o Teixeirinha, trabalho apoiando a sua presidência, pois ele é conhecido pela sua história no atletismo da cidade de cabo frio e região. Além disso, incluo o amor ao esporte, por ser uma ONG (Organização Não governamental), com nenhum fim lucrativo.Mas apenas mesmo para incentivar os corredores a praticarem atividades . Nós temos empresas parceiras, que estão chegando junto com a ONG, com descontos para associados. Se você quiser se filiar a ARCOLAGOS, vai ter esse benefício, uma orientação dos nossos treinos, das nossas empresas parceiras e a ARCOLAGOS está de portas abertas para todos os atletas amadores e profissionais de Cabo frio e região." - detalhou a diretora da ONG.
Natália Hofmann descobriu o esporte através do exercício de outras atividades esportivas, como se fosse uma maratona de esportes dentro do que se identificou mais - a ultramaratona:
" Eu joguei muito voleibol, na minha adolescência, joguei na Associação Atlética Cabofriense, no Centro da cidade de Cabo Frio, no Santa Helena joguei Handebol, por bastante tempo. Desde adolescente tinha o desejo de ser profissional de educação física. Então estudei, me formei, continuei as atividades, fazendo musculação e há 7 anos comecei com a corrida. Só uma corrida na orlada Praia do Forte, sem cronometrar e ver quantos quilômetros percorri, só para dar uma aquecida. a minha primeira competição foi a Corrida da Padroeira, em 2010. Acabei ficando na 4ª colocação, em 5 quilômetros. Então comecei a pesquisar a percorrer distâncias maiores, vendo que ia dar um bom futuro na modalidade. Foi nas corridas de 5 quilômetros que comecei, depois passei para 10 km, conquistei bastante competições, a corrida do Outubro Rosa, sempre conquistei, a corrida da padroeira, também conquistei em 3 oportunidades. Disputando no início 5 e 10 km e se saindo super bem. Em 2015, não sentia mais o prazer dos pódios nas competições anteriores, queira algo a mais. Queria desafiar o meu corpo, queria superar os meus limites. Então, passei para as corridas mais longas, fazendo trajetos de 21 km. A primeira foi a Maratona Internacional do Rio e, em março, fui ultramaratonista, foi sempre numa progressão. Essa é uma dica para todos os corredores, primeiro fazer 5 a 10 km, depois se sentirem a vontade e superar o seu desafio do corpo, partir para uma distância maior, tudo com progressão, tudo certinho, sempre fazendo uma planilha de treinamento, fortalecimento muscular, uma alimentação correta, para não ter nada de errado futuramente. Para fazer tudo no ritmo que se sinta bem , com calma, para alcançar os seus objetivos. Para desestressar, nunca procure comida, bebida ou vícios. Procure sempre o esporte, que através dele, você fica com um corpo legal, ganha estilo de vida, com a mente sã também" - salientou.
O próximo desafio de Natália será a maratona de Buenos Aires foto: Divulgação |
O próximo desafio agora é internacional, na terra do tango, onde a atleta cabofriense irá percorrer os 42 km de Buenos Aires, na argentina, para superar os limites do seu corpo e , quem sabe, colocar maus uma medalha no peito e juntar ao seu vasto histórico de troféus e medalhas.
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