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sexta-feira, 8 de julho de 2016

Cano entra parcialmente pelo cano com multa de 102 mil reais

Clube foi julgado pela suspeita de manipulação 


Por Artur Rangel

Julgamento na capital do caso do Americano Foto: Vicente Seda
Por motivos de denúncia do Itaboraí, o Campeonato carioca da série B foi paralizado. Mas calma, agora voltará com tudo para definir quem sobe pra série A 2017. Veja ostrechos do Julgamento do Americano na sede do TJD-RJ hoje a tarde, no Rio de Janeiro.

Defesa do Americano: quem é Guito?
Wagner Azeredo Peçanha, conhecido por todos apenas como Guito Wagner, é o autor do áudio que ateou toda a polêmica (ouça a íntegra do áudio no vídeo abaixo). Ele exerce a função de diretor do departamento cultural e cívico do Americano. A estratégia de defesa do clube, no entanto, foi desqualificar a influência de Guito e de seu departamento nas decisões do futebol do clube.
Presidente da 8ª Comissão Disciplinar, Dr. Eduardo Abreu Biondi perguntou mais de uma vez às testemunhas do Americano (Gilberto Melo, o técnico João Carlos e o fisioterapeuta da equipe) se conheciam Guito ou tinham ciência de que ele fazia parte da diretoria. Todos eles concordaram que não.
- Nunca tive acesso ao senhor Wagner - afirmou categoricamente João Carlos em um trecho do seu depoimento.
Defesa e depoimentos do Americano
O advogado do Americano, Dr. Teotônio Chermont, foi o primeiro a falar na sessão no Plenário Dr. Homero das Neves Freitas, no TJD-RJ. Ele indicou três tesmemunhas: o diretor-executivo, Gilberto Melo, o fisioterapeuta, Charles Gabriel de Souza Paiva, e técnico João Carlos Ângelo. Os três deram depoimentos ao presidente da 8ª Comissão Disciplinar Regional, Dr. Eduardo Abreu Biondi. O primeiro explicou sua relação com Guito Wagner, autor do áudio que gerou toda a suposição manipulação de resultados, e disse que não mantém amizade e que ele não frequenta jogos do Americano. Além disso, Gilberto falou que toda a responsabilidade de escalação é de João Carlos Ângelo.

Logo após, o fisioterapeuta do Americano alegou que alguns atletas não reuniam condições físicas ideais para atuar na final contra o Campos. Inclusive, ele citou o nome de alguns jogadores, entre eles, Douglas e Mayaro. A última testemunha a falar foi João Carlos Ângelo que, assim como Gilberto, disse não ter amizade com Guito Wagner e que nem o conhece pessoalmente, mas não soube precisar se ele vai aos jogos, já que, por muitas vezes, o estádio estava cheio.

Sobre a escalação do time nas finais contra o Campos Atlético, João Carlos Ângelo afirmou que isso fez parte do planejamento do Americano já para o Triangular Final, e usou como exemplo o ano passado, na qual o Alvinegro não conseguiu o acesso devido ao desgaste da equipe. João ainda fez questão de frisar que 80% dos atletas estiveram em campo na vitória justamente contra o Roxinho no Estádio Ângelo de Carvalho.

Após as testemunhas, o advogado ressaltou que, em nenhum momento, ficou claro que houve manipulação de resultados no áudio que foi levado pelo Itaboraí à Ferj. Ele ainda indagou à Comissão sobre a não denunciar Guito Wagner pelo áudio gravado.

Defesa do terceiro interessado: Itaboraí
O advogado do Itaboraí, Dr. Michel Assef Filho, começou a defesa falando do áudio de Guito Wagner, que, segundo ele, prova a manipulação do resultado nas finais da Taça Corcovado. Sobre a denúncia no Código da Fifa, ele fez questão de ressaltar que o CBJD não tem um artigo que puna um clube que manipule resultados para perder. Ainda de acordo com Assef, uma série de indícios foram capazes de provar a manipulação.

Voto do relator: Dr. Leandro Rocha Almeida
O relator fez seu voto visando o resultado em campo na final entre Campos e Americano. Além disso, segundo ele, não houve prova de manipulação e sim que o Americano jogou com "regulamento debaixo do braço", citando dois exemplos: do Botafogo, em 2015, e da Seleção Brasileira de Vôlei, em 2011, neste último porque perdeu de propósito para a Bulgária para pegar um grupo mais fácil na fase seguinte. O relator ainda afirmou que não poderia prejudicar o Roxinho. Com isso, Dr. Leandro, usou uma alínea que puniria o Americano com uma multa e não com a exclusão da Série B. O voto dele foi acompanhado pela maioria dos auditores no TJD-RJ.

Com o fim dos depoimentos, o relator Leonardo da Rocha Almeida abriu os votos. Ele se estendeu por alguns minutos em sua justificativa. Ora parecia acenar com a punição do clube, ora com sua absolvição. No final, optou pelo meio-termo: punir o Cano com a pesada multa de 30 mil francos suíços, mas descartar a possibilidade de exclusão da competição.
Tanto seu voto como os que vieram a seguir manifestaram, sobretudo, o pesar por estar participando de um julgamento que abordava manipulação de resultados. Até por isso, explicaram que o Americano não poderia sair impune. Mas, por respeito aos jogadores e à torcida, também não poderia ser excluído.

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