Clube foi julgado pela suspeita de manipulação
Por Artur Rangel
Julgamento na capital do caso do Americano Foto: Vicente Seda |
Por motivos de denúncia do Itaboraí, o Campeonato carioca da série B foi paralizado. Mas calma, agora voltará com tudo para definir quem sobe pra série A 2017. Veja ostrechos do Julgamento do Americano na sede do TJD-RJ hoje a tarde, no Rio de Janeiro.
Defesa do Americano: quem é Guito?
Wagner Azeredo Peçanha, conhecido por todos apenas como Guito Wagner, é o autor do áudio que ateou toda a polêmica (ouça a íntegra do áudio no vídeo abaixo). Ele exerce a função de diretor do departamento cultural e cívico do Americano. A estratégia de defesa do clube, no entanto, foi desqualificar a influência de Guito e de seu departamento nas decisões do futebol do clube.
Presidente da 8ª Comissão Disciplinar, Dr. Eduardo Abreu Biondi perguntou mais de uma vez às testemunhas do Americano (Gilberto Melo, o técnico João Carlos e o fisioterapeuta da equipe) se conheciam Guito ou tinham ciência de que ele fazia parte da diretoria. Todos eles concordaram que não.
- Nunca tive acesso ao senhor Wagner - afirmou categoricamente João Carlos em um trecho do seu depoimento.
Defesa e depoimentos do Americano
O advogado do Americano, Dr. Teotônio Chermont, foi o primeiro a falar na sessão no Plenário Dr. Homero das Neves Freitas, no TJD-RJ. Ele indicou três tesmemunhas: o diretor-executivo, Gilberto Melo, o fisioterapeuta, Charles Gabriel de Souza Paiva, e técnico João Carlos Ângelo. Os três deram depoimentos ao presidente da 8ª Comissão Disciplinar Regional, Dr. Eduardo Abreu Biondi. O primeiro explicou sua relação com Guito Wagner, autor do áudio que gerou toda a suposição manipulação de resultados, e disse que não mantém amizade e que ele não frequenta jogos do Americano. Além disso, Gilberto falou que toda a responsabilidade de escalação é de João Carlos Ângelo.
Logo após, o fisioterapeuta do Americano alegou que alguns atletas não reuniam condições físicas ideais para atuar na final contra o Campos. Inclusive, ele citou o nome de alguns jogadores, entre eles, Douglas e Mayaro. A última testemunha a falar foi João Carlos Ângelo que, assim como Gilberto, disse não ter amizade com Guito Wagner e que nem o conhece pessoalmente, mas não soube precisar se ele vai aos jogos, já que, por muitas vezes, o estádio estava cheio.
Sobre a escalação do time nas finais contra o Campos Atlético, João Carlos Ângelo afirmou que isso fez parte do planejamento do Americano já para o Triangular Final, e usou como exemplo o ano passado, na qual o Alvinegro não conseguiu o acesso devido ao desgaste da equipe. João ainda fez questão de frisar que 80% dos atletas estiveram em campo na vitória justamente contra o Roxinho no Estádio Ângelo de Carvalho.
Após as testemunhas, o advogado ressaltou que, em nenhum momento, ficou claro que houve manipulação de resultados no áudio que foi levado pelo Itaboraí à Ferj. Ele ainda indagou à Comissão sobre a não denunciar Guito Wagner pelo áudio gravado.
Defesa do terceiro interessado: Itaboraí
O advogado do Itaboraí, Dr. Michel Assef Filho, começou a defesa falando do áudio de Guito Wagner, que, segundo ele, prova a manipulação do resultado nas finais da Taça Corcovado. Sobre a denúncia no Código da Fifa, ele fez questão de ressaltar que o CBJD não tem um artigo que puna um clube que manipule resultados para perder. Ainda de acordo com Assef, uma série de indícios foram capazes de provar a manipulação.
Voto do relator: Dr. Leandro Rocha Almeida
O relator fez seu voto visando o resultado em campo na final entre Campos e Americano. Além disso, segundo ele, não houve prova de manipulação e sim que o Americano jogou com "regulamento debaixo do braço", citando dois exemplos: do Botafogo, em 2015, e da Seleção Brasileira de Vôlei, em 2011, neste último porque perdeu de propósito para a Bulgária para pegar um grupo mais fácil na fase seguinte. O relator ainda afirmou que não poderia prejudicar o Roxinho. Com isso, Dr. Leandro, usou uma alínea que puniria o Americano com uma multa e não com a exclusão da Série B. O voto dele foi acompanhado pela maioria dos auditores no TJD-RJ.
Com o fim dos depoimentos, o relator Leonardo da Rocha Almeida abriu os votos. Ele se estendeu por alguns minutos em sua justificativa. Ora parecia acenar com a punição do clube, ora com sua absolvição. No final, optou pelo meio-termo: punir o Cano com a pesada multa de 30 mil francos suíços, mas descartar a possibilidade de exclusão da competição.
Tanto seu voto como os que vieram a seguir manifestaram, sobretudo, o pesar por estar participando de um julgamento que abordava manipulação de resultados. Até por isso, explicaram que o Americano não poderia sair impune. Mas, por respeito aos jogadores e à torcida, também não poderia ser excluído.
Fonte: http://goo.gl/c2OGw5
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